O ministro das Finanças disse esta quinta-feira que vai rever em alta a estimativa de défice público para um valor próximo dos 7% para acomodar as alterações ao Orçamento do Estado Suplementar aprovadas pelo parlamento durante a votação na especialidade.."Em função das medidas de alteração do Orçamento do Estado Suplementar aprovadas na Assembleia da República, algumas delas por maioria negativa [de partidos], o Governo vai rever a sua projeção para o défice deste ano para um valor próximo dos 7%", afirmou o ministro de Estado e das Finanças, João Leão, em declarações à Lusa..O ministro sublinhou que a medida com impacto "mais significativo" no défice prende-se com os pagamentos por conta, que "faz reduzir substancialmente a receita" em 2020, sendo recuperada em 2021..Na proposta de Orçamento do Estado Suplementar que entregou no parlamento, o Governo apontava para uma meta de défice de 6,3% em 2020, mas o valor será, assim, revisto para 7%..Durante a discussão e votação na especialidade, os deputados aprovaram uma proposta do PCP que determina a suspensão automática do pagamento por conta das micro e pequenas empresas e das cooperativas..Além desta foi também aprovada uma proposta que aponta para a devolução antecipada de Pagamentos Especiais por Conta não 'reclamados' ou utilizados..A proposta do Governo já previa uma isenção total ou parcial do pagamento por conta do IRC em função da quebra de faturação observada pelas empresas durante o primeiro semestre deste ano..Neste contexto, haverá uma redução de 50% deste pagamento para as empresas com uma quebra de faturação superior a 20%, e uma isenção total para as que registem quebras superiores a 40% ou dos setores do alojamento e da restauração..Havendo recuperação da atividade, podem ser feitas regularizações no prazo do terceiro pagamento por conta..O pagamento por conta é uma das formas de as empresas irem adiantando o IRC que têm a pagar, mas cujo valor final apenas é apurado no ano seguinte, com a entrega da declaração anual Modelo 22..No regime em vigor, as empresas fazem três pagamentos por conta -- em julho, setembro e dezembro -- sendo o valor calculado com base no imposto liquidado relativamente ao ano anterior ao destes pagamentos..Na quarta-feira, em declarações à TSF, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Tiago Antunes, tinha admitido que o défice poderia chegar aos 7%.