"É uma óbvia questão de princípio que, em Portugal, quem decide acerca dos seus destinos são os representantes escolhidos pelos portugueses - e só eles - no respeito pela Constituição e o direito por ela acolhido, como o direito internacional", afirmou o Presidente da República, numa declaração à agência Lusa, sobre as declarações ao Expresso onde o embaixador dos EUA, George Glass disse que "Portugal tem de escolher entre os aliados e os chineses"..A declaração, pedida pela Lusa, segue quase ipsis verbis o que no sábado já tinha sido feita pelo ministro dos Negócios Estrangeiros.."São as autoridades portuguesas que tomam as decisões que interessam a Portugal, no quadro da Constituição e da lei portuguesa e das competências que a lei atribui às diferentes autoridades relevantes", disse Augusto Santos Silva à agência Lusa, referindo que "o Governo regista as declarações" de George Glass..Citaçãocitacao"Portugal acaba inevitavelmente por ser parte do campo de batalha na Europa entre os Estados Unidos e a China.".O ministro acrescentou que em Portugal as decisões são tomadas "de acordo com os valores democráticos e humanistas, os valores portugueses, de acordo com os interesses nacionais de Portugal, de acordo com o processo de concertação a nível da União Europeia, quando esse processo é pertinente, e com o sistema de alianças em que Portugal se integra, que é bem conhecido e está muito estabilizado"..Na entrevista ao Expresso, o embaixador norte-americano em Lisboa considerou que "Portugal acaba inevitavelmente por ser parte do campo de batalha na Europa entre os Estados Unidos e a China" e alega que esta potência "é uma nova China, com planos de longo prazo para acumular influência maligna através da economia, política ou outros meios"..Citaçãocitacao"[Portugal] tem de fazer uma escolha agora [entre] trabalhar com os parceiros de segurança, os aliados, ou trabalhar com os parceiros económicos, os chineses.".Segundo George Glass, "nos últimos três anos" Portugal tem olhado para os EUA como "amigos" e "aliados" no domínio da segurança e defesa e para a República Popular da China como "parceira económica"..O embaixador dos EUA defendeu que "não se pode ter os dois" e que os portugueses "têm de fazer uma escolha agora" entre "trabalhar com os parceiros de segurança, os aliados, ou trabalhar com os parceiros económicos, os chineses"..Citaçãocitacao"Quando estamos a falar de infraestruturas críticas e necessidades de segurança nacional, não podem trabalhar com a China. Vimos isso com o início da implementação do 5G."."Quer dizer que, quando estamos a falar de infraestruturas críticas e necessidades de segurança nacional, não podem trabalhar com a China. Vimos isso com o início da implementação do 5G e o que isso significa para a segurança nacional e a forma como se trabalha com os aliados", acrescentou..O eurodeputado do PCP João Ferreira, que será o candidato apoiado por este partido às presidenciais de 2021, reagiu também hoje às declarações do embaixador norte-americano em Lisboa, considerando que configuram "um inaceitável exercício de intromissão na vida nacional, que visa condicionar as opções de Portugal quanto ao seu desenvolvimento e política externa, o que só pode merecer a mais veemente rejeição"..João Ferreira contestou que alguém "procure utilizar a ameaça - incluindo de sanções - para impor decisões que nada têm a ver com os interesses do povo português e do país" e salientou o papel do Presidente da República enquanto "garante" dos princípios consagrados na Constituição "da independência nacional, da não aceitação da ingerência nos assuntos internos dos Estados e da cooperação com todos os povos do mundo".