Costa em isolamento profilático após almoço com Macron
António Costa "encontra-se em isolamento profilático preventivo até avaliação do grau de risco por parte das autoridades de saúde", e por isso decidiu cancelar toda a agenda pública que implique a sua presença física, depois de ter estado esta quarta-feira num almoço de trabalho com o presidente francês, Emmanuel Macron, que testou positivo para a Covid-19.
De acordo com o gabinete do primeiro-ministro, Costa "não apresenta quaisquer sintomas" e "mantém toda a atividade executiva e a agenda de trabalho, que realizará à distância".
António Costa já fez esta quinta-feira um teste à Covid-19, tendo cancelado a viagem que estava marcada para este fim de semana a São Tomé e Príncipe e à Guiné-Bissau.
Aliás, o primeiro-ministro cancelou igualmente as visitas previstas aos destacamentos militares portugueses na República Centro Africana, no sábado, e no Mali, no domingo. Estes encontros, de acordo com o gabinete de António Costa, não tinham sido divulgados "por motivos de segurança", mas iriam realizar-se no âmbito do programa das visitas oficiais do primeiro-ministro a São Tomé e Príncipe e à Guiné-Bissau.
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O presidente francês Emmanuel Macron testou positivo para a Covid-19, "assim que surgiram os primeiros sintomas", anunciou esta quinta-feira a presidência francesa.
De acordo com o Eliseu, o presidente francês "vai isolar-se durante sete dias" e "continuar a trabalhar e a garantir as suas atividades à distância".
Macron e António Costa tiveram esta quarta-feira um almoço de trabalho em Paris para preparar da presidência portuguesa da União Europeia como tema principal.
Quem também já se colocou de quarentena foi o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que suspendeu "toda a sua atividade programada para os próximos dias em cumprimento dos protocolos sanitários" depois ter estado esta segunda-feira com Macron num evento em Paris.
Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, também está em isolamento depois de ter estado com Emmanuel Macron esta segunda-feira.
Numa publicação feita esta quinta-feira na rede social Twitter, minutos depois de ser conhecida a infeção de Emmanuel Macron, o porta-voz de Charles Michel explicou que o presidente do Conselho Europeu "foi informado pelas autoridades francesas de que não é considerado como um contacto próximo", mas, "por uma questão de precaução, entrará em isolamento profilático".
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O porta-voz de Charles Michel, Barend Leyts, contextualizou que o responsável belga "deslocou-se a Paris na [passada] segunda-feira para o 60º aniversário da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico] e para uma reunião com Emmanuel Macron no Eliseu".
Fontes europeias acrescentaram que o encontro de Michel com Macron, na segunda-feira à noite, é considerado como "potencial risco de contágio".
Ainda assim, Barend Leyts adiantou que Charles Michel "é testado regularmente e o seu resultado na terça-feira foi negativo".
À entrada para o almoço de trabalho desta quarta-feira, António Costa respondeu a questões dos jornalistas, nomeadamente sobre o plano de vacinação. "Estamos a fazer todos um grande esforço para coordenar, de forma a que no mesmo dia, em todos os Estados-membros possamos iniciar o plano de vacinação. A Comissão fez um grande trabalho ao assegurar a compra conjunta", disse o primeiro-ministro.
O porta-voz do Governo francês avançou esta quarta-feira numa entrevista na televisão BFMTV que a França ia começar a vacinar "antes do fim do ano", após a aprovação da Agência Europeia do Medicamento e depois da luz verde das autoridades gaulesas.
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Sem precisar datas, o primeiro-ministro português indicou apenas que antecipação da aprovação da vacina pelas instâncias europeias para dia 21 de dezembro "é ótima notícia" e que a Comissão fez "um grande trabalho" ao assegurar a compra conjunta das vacinas.
Tendo como principal temática a presidência da União Europeia que Portugal vai assumir já no início do próximo ano, António Costa quis reforçar antes do almoço de trabalho com Emmanuel Macron que a França é "um pilar fundamental" da União Europeia.
"A França é um pilar fundamental da União Europeia e se queremos uma União Europeia forte, precisamos contar com a França a 100% na União Europeia", disse António Costa.
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O primeiro-ministro elencou ainda as prioridades da presidência portuguesa como a resposta à crise económica e social provocada pela covid-19, o desenvolvimento do pilar social e ainda o reforço das relações entre a Europa e outras partes do Mundo como a Índia e os Estados Unidos.
Do seu lado, o Presidente francês ressalvou o momento em que Portugal está a assumir esta presidência, nomeadamente "um momento em que a Europa dá resposta à crise".
"Daqui a alguns dias, Portugal vai tomar posse da presidência rotativa do Conselho da União Europeia e esta presidência acontece no momento em que a Europa dá resposta à crise, com uma Europa social e verde", disse o Presidente.
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Emmanuel Macron relembrou ainda que este momento de resposta à crise acontece no contexto "incerto do Brexit" e que tanto a França como Portugal querem que "as coisas se passem da melhor maneira possível", mas defendendo os interesses europeus.
O almoço de trabalho deve durar cerca de duas horas. O encontro no Palácio do Eliseu é o único ponto na agenda do primeiro-ministro nesta deslocação a França.