"O CDS suicidou-se e o PSD não está melhor"
Um vasto silêncio "acolheu" no PSD a declaração de Rui Rio admitindo, sob condições, que "é possível conversar" com o Chega. José Eduardo Martins, porém, não alinha nesse silêncio
"O CDS suicidou-se e o PSD não está melhor". Este foi um dos comentários que José Eduardo Martins - militante do PSD em tempos falado no processo de sucessão de Passos Coelho - fez ao DN sobre a declaração em quem Rui Rio admitiu - embora sob condições - conversas com o Chega.
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Quarta-feira à noite, entrevistado na RTP, o líder do PSD afirmou que "se o Chega continuar numa linha de demagogia, de populismo, da forma como tem ido, há aqui um problema, porque aí não é possível um entendimento com o PSD".
"Espero é que o Chega possa evoluir para um plano um pouco mais moderado, então não estou a dizer que se faça, mas é possível conversar".
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Porém, acrescentou, "se o Chega evoluir para uma posição mais moderada, eu penso que as coisas se podem entender".
Questionado se não descarta, então, essa possibilidade [de diálogo do PSD com o partido de André Ventura], Rio respondeu: "Face ao que o Chega tem sido, descarto. Espero é que o Chega possa evoluir para um plano um pouco mais moderado, então não estou a dizer que se faça, mas é possível conversar".
Para José Eduardo Martins, esta declaração do presidente do partido só significa que "Rui Rio constata o enormel problema que o PSD tem". E esse problema, afirma, "é a incapacidade do PSD para oferecer uma oferecer uma alternativa à direita normal e democrática".
O que vale, salienta, é que a possibilidade que Rio coloca - o Chega deixar de ser "demagócio e populista" - "nunca vai acontecer". "Esse é um caminho que André Ventura nunca vai abandonar - explorar todos os medos, ressentimentos e angústias da população", para disso retirar lucros eleitorais.
No PSD foi este o único comentário que o DN obteve à declaração de Rio. Hugo Soares, ex-líder parlamentar do partido e destacada figura do passismo, não quis falar. O mesmo aconteceu com a deputada e agora ex-líder da JSD Margarida Balseiro Lopes. Ou com as duas estrelas em ascensão na bancada do partido no Parlamento, o jurista André Coelho Lima (que é vice-presidente de Rio na direção do partido) e o médico Ricardo Batista Leite (vice-presidente da bancada na AR).
O próprio Rio, no entanto, já sentiu necessidade de se defender no espaço público. Fê-lo ao responder a uma crítica que o comentador político do DN Pedro Marques Lopes escreveu no Tweeter.
"Não, não se pode conversar com o Chega. Que quer dizer Rui Rio com "se moderarem o discurso"? Que se deve esquecer todo o discurso racista e xenófobo feito até esse momento?", Marques Lopes.
E Rio respondeu-lhe: "Caro Pedro Marques Lopes, eu não disse isso. Veja bem o que eu disse."
Quem também evidentemente não perdeu a oportunidade foi o próprio André Ventura. O líder do Chega disse que só aceita conversar com Rio se o PSD passar a fazer oposição a sério e deixar de ser "a dama de honor do Governo socialista".
"Se o PSD honrar a sua tradição e voltar a representar os portugueses descontentes com o atual rumo das coisas, podemos conversar. Caso contrário, não há ponte possível."