Joacine Katar Moreira reage: "Não sou descartável"

A deputada única do Livre diz que está a ser vítima de um golpe e que não é descartável.
Publicado a

Às acusações, de parte a parte, de falta de comunicação, seguiu-se a decisão de entregar a abstenção sobre a Palestina de Joacine Katar Moreira ao conselho de jurisdição do partido Livre, a notícia de que não entregou a tempo a proposta de alteração da Lei da Nacionalidade e, esta terça-feira, a reação da deputada única. "Trata-se de um autêntico golpe e a minha resposta é esta: não sou descartável e exijo respeito"", disse ao Notícias ao Minuto, citada pela agência Lusa

"Nunca imaginei que um mês depois das eleições - não é um ano, é um mês - eu ia estar a ser avaliada e colocada numa situação destas pelos meus camaradas", acrescentou a deputada.

O DN tentou, em vão, contactar a deputada.

Divergências tornaram-se públicas

Este sábado, em comunicado, a direção do Livre (denominada Grupo de Contacto) tornou públicas a sua preocupação com a abstenção da deputada em relação à Palestina, na sexta-feira. Em resposta, Joacine Katar Moreira disse que tinha tentado, sem êxito, falar com a direção. E: ao Observador, afirmou ter sido ela a vencer as eleições sozinha.

O Livre reconheceu que estas declarações causaram perplexidade em "todos os membros, apoiantes e eleitores".

A dificuldade de comunicação com a direção foi a justificação da deputada para a sua abstenção no voto do PCP de "condenação da nova agressão israelita a Gaza", posição que foi até contra a sua opinião, como explicou posteriormente.

O caso foi debatido no domingo, na Assembleia do Livre, não foi retirada a confiança em Joacine Katar Moreira, mas ficou decidido que o caso chegaria ao Conselho de Jurisdição, uma espécie de tribunal do Livre.

Ao DN, esta segunda-feira, o assessor da deputada Joacine Katar Moreira disse que ela "respeita" a decisão da Assembleia do Livre. Contudo, acha que essa decisão só surgiu por "insistência" do fundador do partido, Rui Tavares - e depois de ter sido feita outra proposta, com a qual a deputada concordava - mas que acabou por não vingar. "A deputada tem plena confiança no órgão máximo entre congressos [denominado "Assembleia"], pelo que naturalmente respeita as tomadas de decisão", disse ao DN um dos seus assessores no Parlamento, Rafael Esteves Martins, falando em nome da deputada.

Há um mês no Parlamento, o Livre provou ser o partido menos ativo dos dez que estão atualmente representados, como escreveu o DN. As propostas cingiam-se a levar Aristides Sousa Mendes para o Panteão Nacional e alterar a Lei da Nacionalidade, uma proposta em que tinha a 'concorrência' do Bloco de Esquerda, PAN e PCP e que, sendo entregue apenas esta terça-feira, não será debatida a 11 de dezembro com acontece com as restantes.

Diário de Notícias
www.dn.pt