Polícia Judiciária ameaça com mais "formas de luta"

Sindicatos da Judiciária entregaram à ministra Francisca Van Dunem carta onde mostram a sua "indignação" e "revolta" pela situação naquela polícia. E podem voltar às ações de protesto.
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Os funcionários da Polícia Judiciária podem "endurecer as formas de luta" e foi isso que os seus representantes disseram à ministra da Justiça Francisca Van Dunem esta quarta-feira numa reunião no ministério onde entregaram uma carta a expressar a "indignação" e a "revolta" dos funcionários pela situação que se vive naquela polícia.

Antes deste encontro com a governante as três associações sindicais da Polícia Judiciária (ASFIC-PJ, ASSPJ e ASFTAO-PJ) reuniram com os funcionários para analisar a forma como decorreram os sete dias de greve que cumpriram em defesa da revisão da lei orgânica da Judiciária e de matérias ligadas à carreira e ao reforço de pessoal.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal (ASFIC) da PJ, Ricardo Valadas, considerou que o balanço da greve foi "histórico", salientando a elevada adesão dos funcionários da PJ ao protesto e o "sentimento de revolta" geral pelo incumprimento das reivindicações.

Quanto às reivindicações, Ricardo Valadas lembrou que a lei orgânica da PJ tem 20 anos e está completamente desfasada da realidade criminal que aquela polícia investiga todos os dias. Além disso, estão pendentes questões relativas à carreira e ao reforço de meios humanos e materiais.

"Não se pode combater a corrupção quando não entra aqui [PJ] um homem há cinco anos e todos os anos saem pessoas, e todas as semanas saem pessoas para o privado, porque a carreira [na PJ] tem sido esquecida pelos últimos governos", vincou. Ricardo Valadas enfatizou que o protesto é uma luta em prol do Estado Social e da democracia e, ao mesmo tempo, uma manifestação contra o "ultraje" e a "injustiça" do "banditismo bancário" que assolou a sociedade portuguesa nos últimos anos.

"É óbvio que sem o apoio do ministro das Finanças e a assinatura do primeiro-ministro tudo o que seja contratação de pessoas ou alteração estatutária da PJ não podem sem materializadas", acentuou.

Reiterou ainda o desafio para que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visite a PJ para se inteirar dos problemas desta polícia que combate a corrupção e o crime económico, bem como a criminalidade mais grave, organizada e violenta. "É o Presidente da República que deve erguer a bandeira da PJ em defesa da instituição", declarou o presidente da ASFIC, revelando que já foi enviado um convite formal a Marcelo Rebelo de Sousa para o efeito, embora não haja resposta do Chefe de Estado.

Também o Governo, acrescentou, deve investir na PJ e "alimentar em ações" concretas aquilo que são os "discursos políticos de combate à corrupção" e aos restantes crimes económico-financeiros.

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