Assunção Cristas pede "remodelação" de António Costa

Assunção Cristas aproveitou as mudanças no governo para atacar António Costa, que disse ser um "primeiro-ministro fragilizado", no encerramento da Escola de Quadros do CDS, em Peniche. A líder centrista voltou a colocar o CDS com a ambição de "ser a primeira escolha" nas legislativas. "A remodelação que o país precisa mesmo é a de António Costa", disse.

A líder centrista começou a falar às 13:00, hora dos telejornais no encerramento da Escola de Quadros do partido, em Peniche. Em véspera da entrega do Orçamento de Estado para 2019 no Parlamento, Assunção Cristas fez voz grossa contra o "campeonato de medidas das esquerdas unidas" e anunciou um orçamento alternativo do CDS. Mas foi a António Costa, um primeiro-ministro que disse "fragilizado", que colocou na mira, no dia em que o governo foi remodelado e se soube que há quatro novos ministros.

Assunção Cristas lembrou o "lamentável e caricato" caso de Tancos, que mais pareceu "uma série da Netflix" e que levou o CDS a pedir uma comissão de inquérito parlamentar (que será votada no dia 24) para atacar a remodelação. "Após largos meses, a dizer que tinha toda confiança no ministro da Defesa a remodelação é feita por arrasta, arrasto penoso de uma situação insustentável, e é mais um sinal da extraordinária fragilidade do primeiro-ministro".

E insistiu na ideia da fragilidade perguntando que novidade há numa "remodelação feita com a prata da casa"? Assunção Cristas chamou a si os louros da troca de ministra da Saúde, depois de ter sido uma das áreas onde mais apontou o dedo ao governo no Parlamento. "A Saúde, profundamente contestada pelo CDS, a ficar sem o ministro... E considerou "estranho" ter uma nova titular da pasta para "executar um orçamento que não preparou nem aprovou". Mas deu a explicação para a troca: "Quando o ministro não tem mais cara para falhar, não há nada mais fácil do que trocar a cara do ministro".

O "lamentável e caricato" caso de Tancos mais pareceu "uma série da Netflix"

A remodelação não resolve nada, garantiu. "Quem precisa de ser remodelado é António Costa, que já mostrou várias vezes não ter estatura para ser primeiro-ministro".

Na véspera da entrada do Orçamento do Estado para 2019 no Parlamento, Assunção censurou o "campeonato de medidas" entre PCP e Bloco, até de algumas apresentadas pelo CDS e anteriormente chumbadas, como a redução do IVA da Cultura. "Sabemos que é mais um Orçamento de continuidade que não serve o futuro do país e a criação de riqueza sustentada no país. Queremos poder distribuir bem mais do que migalhas".

Neste conjunto de "alternativas" destacou a baixa progressiva do IRC para atrair investimento, o fim da taxa do ISP, a reposição do quoeciente familiar, as despesas das famílias com idosos e doentes. Assunção lembrou ainda as propostas sobre a natalidade, em que apresentará mais uma nova medida, a isenção de TSU para substituir grávidas em baixa.

Do embalo do "orçamento alternativo" partiu, junto dos jotinhas populares que a aplaudiram calorosamente, para a afirmação eleitoral do CDS e na demarcação claro, uma vez mais, do PSD de Rui Rio. "Somos os únicos", insistiu, que somos alternativa. E tal como último congresso do CDS voltou a colocar o partido com no patamar "onde muitos nem sonham", ou seja, na "ambição máxima" de ser "a primeira escolha dos portugueses".

Ao partido, à Juventude Popular, pediu para arregaçarem as mangas, irem para a rua convencer os eleitores de que o CDS é o único partido que não viabilizará um governo de António Costa. Ficou implícita, de novo, uma indireta ao partido de Rio, já que lembrou que são precisos 116 deputados para fazer frente à esquerda e que o CDS está a fazer tudo por isso. "As esquerdas unidas não são uma inevitabilidade hoje e em 2019 e a mudança é com o CDS".

Os D.A.M.A para Rio

Mas já antes o líder da Juventude Popular, Francisco Rodrigues dos Santos, tal como o diretor da Escola de Quadros do CDS, Diogo Feio, tinham vaticinado um futuro auspicioso ao partido nas legislativas do próximo ano.

"No dia em que o governo foi remodelado, a grande remodelação vai ser nas próximas legislativas quando substituirmos António Costa por Assunção Cristas", disse Francisco Rodrigues dos Santos.

E numa tirada irónica para com o líder do PSD, que pôs a sala do hotel em Peniche a rir, disse que António Costa quando olha para Rui Rio se lembra do grupo D.A.M.A. Sem cantar, mas a declamar o refrão de "Às vezes", uma das músicas mais conhecidas do grupo português: "As vezes não sei o que quero e tudo está, às vezes não sei o que faça e tudo está bem, uma vez não são vezes e eu não digo a ninguém..."

Depois o líder da JP explicou melhor que "nem todo o centro-direita tem um seguro contra a esquerda, e cada vez que olha para o PS parece estar a ver o reflexo de si próprio". Uma alusão clara ao facto de Rui Rio ter aberto a porta ao PS e ao governo para entendimentos.

"No dia em que o governo foi remodelado, a grande remodelação vai ser nas próximas legislativas quando substituirmos António Costa por Assunção Cristas"

Também Diogo Feio pôs ênfase na diferença entre PSD e CDS, mas sem nunca mencionar o partido que já foi parceiro de coligação no governo, do qual Assunção Cristas foi ministra. "Somos uma oposição que temos propostas, somos estáveis e confiáveis. Se há voto seguro no próximo ano é no CDS".

As bandeirinhas do CDS e da JP, distribuídas antes de Assunção Cristas chegar à sala, levantaram-se e em coro os jotinhas gritaram: "Portugal merece um governo CDS".

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