António Costa critica BE e Rui Rio e elogia PCP
"Não quero ser injusto, mas são partidos de natureza muito diferente. O PCP tem uma maturidade institucional muito grande. Já fez parte dos governos provisórios, já governou grandes câmaras, tem uma forte presença no mundo autárquico e sindical, não vive na angústia de ter de ser notícia todos os dias ao meio-dia... Isto permite uma estabilidade na sua ação política que lhe dá coerência, sustentabilidade, previsibilidade, e, portanto, é muito fácil trabalhar com ele", disse, comparando o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista.
Já sobre os bloquistas, o também primeiro-ministro refere que, "hoje, a política tem não só novos movimentos inorgânicos do ponto de vista sindical, como também novas realidades partidárias que se expressam".
"Há um amigo meu que compara o PCP ao Bloco de uma forma muito engraçada: é que o PCP é um verdadeiro partido de massas, o Bloco é um partido de mass media. E isto torna os estilos de atuação diferentes. Não me compete a mim dizer qual é melhor ou pior, não voto nem num nem no outro", continuou.
Questionado sobre se o PCP seria um parceiro preferencial num futuro entendimento, António Costa afirmou que o partido da sua preferência é, naturalmente, o PS.
Para o líder socialista, "o que ficou claro nesta legislatura é que o PS é o grande fator de estabilidade", pois "sem um PS forte não há a devida estabilidade", rejeitando escolher um parceiro ideal.
"Não dizemos como Catarina Martins que esta legislatura foi uma batalha da esquerda contra o PS, porque é uma descrição que manifestamente descola da realidade, nem temos de ter as angústias de Jerónimo de Sousa a dizer todos os dias: 'este não é o nosso Governo nem apoiamos este Governo'. Eu posso dizer o contrário: temos muita honra e orgulho no que fizemos, por devolver confiança aos portugueses", concluiu.
O secretário-geral do PS classificou o programa eleitoral do PSD de Rui Rio como um "mau exemplo" porque promete "tudo a todos", disse ainda na entrevista ao semanário."Pareceu-me um mau exemplo do que deve ser um programa de um partido que pretende ser Governo. Para isso não pode prometer tudo a todos", disse António Costa, embora confessando não ter lido ainda o documento "de fio a pavio".
O também primeiro-ministro revelou que dialoga com o líder do maior partido da oposição "sempre que um ou outro sente necessidade de falar", mas, por exemplo, tal não sucedeu aquando da recente crise energética motivada pela greve dos motoristas de camiões.
"Não, foi claro publicamente que o dr. Rui Rio pretendia manter-se em férias neste período, e eu respeito as férias de quem quer manter-se em férias", justificou António Costa.
Na comparação de Rio com o seu antecessor, Passos Coelho, o líder socialista afirmou que não lhe "compete fazer avaliações".
"Como sabe, tenho estima pessoal pelo dr. Rui Rio. Respeito-o como respeitava o dr. Passos Coelho. Espero que o resultado eleitoral do dr. Rui Rio fique aquém do resultado do dr. Passos Coelho", desejou, escusando-se a comentar a alegada atual "crise da direita" em Portugal.