"Adriano está à frente no seu tempo"
"As Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar, é um dos meus livros e por isso recomendo sempre. Pela prosa lindíssima que devaneia em poesia, pela estética com que a autora desenrola o novelo de uma pesquisa histórica exigente, mas sobretudo pela elegia ao tempo como 'grande escultor' do Homem", explica a social-democrata Nilza de Sena.
"De uma extraordinária lucidez, o Homem que Yourcenar nos apresenta é Adriano Imperador Romano, que decide pouco antes da sua morte deixar a suas memórias ao jovem Marco Aurélio, que deve suceder-lhe no trono de Roma", sublinha a deputada e académica. Que acrescenta: "Falado na primeira pessoa, numa escrita muito elegante, Adriano está à frente no seu tempo, engrandece, enquanto medita sobre os seus triunfos militares, a pacificação do Império, a tentativa para tornar a sociedade mais justa e o incremento da vida das mulheres e a melhoria das condições dos escravos, sem deixar para trás as suas paixões, o amor intenso por Antínoo, as artes e cultura gregas que admirava ou mesmo o pensamento político e filosófico que introspetivamente vai revelando."
Sobre o conteúdo desta obra magna da escritora belga nascida em 1903 e que morreu em 1987, Nilza de Sena afirma que "mais do que um romance histórico ou memorialista, Yourcenar mostra uma sensibilidade notável, que também se lê no livro A Obra em Negro e que traduz o talento de uma escritora extraordinária que vai ao âmago do ser humano".
A deputada por Beja e professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas sublinha ainda que no caso das Memórias de Adriano, editado originariamente em França em 1951, "há uma edição recente de bolso da Leya/RTP publicada neste ano e que pode bem ser companhia de férias".