StayAway Covid, a app de rastreio foi oficializada. Como funciona?
Foi publicado, nesta terça-feira, em Diário da República, o decreto-lei que define a Direção-Geral da Saúde como responsável pela gestão e tratamento de dados da aplicação de rastreio de contactos da covid-19. O funcionamento desta "é excecional e transitório", mantendo-se apenas enquanto a situação pandémica o justificar.
A aplicação StayAway Covid, que alerta os utilizadores em contacto com alguém infetado pela covid-19, deverá finalmente deixar de ser um projeto e chegar às lojas virtuais em breve. O decreto-lei que regula a aplicação e define a Direção-Geral da Saúde como responsável pelo tratamento dos dados recolhidos foi, nesta terça-feira, publicado em Diário da República.
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O documento diz que a StayAway Covid "deve respeitar a legislação europeia e nacional aplicável à proteção de dados pessoais" e regula a intervenção do médico que introduz no sistema informações como a data dos primeiros sintomas ou, no caso de o doente ser assintomático, a data da realização do teste laboratorial. Destas informações inseridas no sistema pelo médico não podem constar quaisquer dados que identifiquem o doente.
Como funciona?
A partir do momento em que descarrega a aplicação, esta notifica-o de que esteve próximo (a menos de dois metros de distância durante pelo menos 15 minutos) de outros utilizadores infetados, passando assim a ser considerado contacto de um caso positivo para covid-19.
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Ou seja, depois de um caso ser confirmado, um profissional de saúde "com capacidade para validar o diagnóstico médico", tal como estabeleceu o parecer de 22 de julho da Comissão Nacional de Proteção de Dados, gera um "código de legitimação" da infeção a partir de serviços como o SINAVE ou o Trace Covid-19.
O aviso anónimo é depois transmitido, com consentimento do doente, a quem esteve em contacto com esse caso, nos últimos 14 dias, desde que tenham ambos descarregado (o doente e o contacto) a aplicação, que se serve do sensor de Bluetooth para detetar a proximidade de outros utilizadores da StayAway Covid.
Para a aplicação funcionar, o Bluetooth de baixo consumo dos utilizadores tem de estar sempre ligado e, pelo menos uma vez por dia, o telemóvel terá de conectar-se à internet para que os dados sejam atualizados.
A StayAway Covid estará disponível, de forma gratuita, nos sistemas operativos iOS e Android.
Qual é a importância da aplicação?
O objetivo da StayAway Covid é contribuir para prevenir e interromper as cadeias de transmissão da doença provocada pelo novo coronavírus. Ao ser informado sobre um elevado risco de exposição, o cidadão pode estar mais atento aos sintomas e isolar-se, evitando a transmissão do vírus a terceiros.
Tanto a Organização Mundial da Saúde como a Comissão Europeia têm incentivando o recurso a ferramentas digitais "reconhecendo que as aplicações móveis podem desempenhar um papel importante na estratégia de levantamento das medidas de confinamento", tal como reconhece o decreto-lei publicado nesta terça-feira.
Este documento indica ainda que o tratamento de dados para funcionamento do sistema "é excecional e transitório", servindo "apenas enquanto a situação epidemiológica provocada pela covid-19 o justificar".
Quem fica responsável?
O tratamento dos dados é da responsabilidade da Direção-Geral da Saúde, indica o decreto aprovado no Conselho de Ministros de dia 16 de julho. O documento do governo prevê ainda o respeito integral pela legislação e a regulamentação sobre proteção de dados e sobre cibersegurança.
Já o sistema foi desenvolvido pelo Instituto de Engenharia de Sistemas de Computadores, Ciência e Tecnologia (INESC TEC), em colaboração com o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e as empresas Keyruptive e Ubirider. A aplicação começou a ser criada em março e foi apresentada a 27 de abril. A data em que fica disponível para todos os cidadãos tem sido sucessivamente adiada, mas, de acordo com as últimas informações divulgadas, estará já em fase de testes finais.

Cerca de 900 pessoas testaram a aplicação durante a fase final do processo.
© INESCTEC
A partir de quando posso descarregá-la?
A promulgação do decreto-lei, pelo Presidente da República, e a publicação em Diário da República já foram feitas e eram passos decisivos para o processo avançar. Embora ainda não haja uma data concreta para a aplicação estar disponível para os cidadãos, está para "breve", como indicou o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, em conferência de imprensa, nesta segunda-feira.
Garantia de anonimato
No mês passado, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, assegurou que a aplicação garantia a privacidade dos cidadãos e que "apenas é registado um contacto próximo e de duração superior a 15 minutos" com alguém que esteja infetado com o novo coronavírus.
Mariana Vieira da Silva reforçou, na altura, que o anonimato dos utilizadores seria preservado e que cada cidadão é livre de descarregar ou não a aplicação, lembrando que esta "não substitui as regras de saúde pública" que têm sido seguidas no âmbito da pandemia, os inquéritos de saúde pública e o rastreamento de contactos no terreno.
Quantas pessoas precisam de usar a aplicação para ser eficaz?
"A eficácia da aplicação é proporcional à sua utilização", explicam os criadores da StayAway Covid no seu site oficial. Quer isto dizer que quantos mais cidadãos utilizarem a aplicação maior é a probabilidade de esta fazer um controlo mais eficiente, diagnosticando pessoas ainda sem sintomas.
"Este é mais um instrumento de combate à pandemia. Não será deste instrumento que virá a grande revolução, mas é mais uma ajuda para continuar a melhorar, independentemente da adesão" que venha a ter em Portugal, disse, na semana passada, em conferência de imprensa, o presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Luís Goes Pinheiro.