Portugal tem 206 surtos de covid ativos, mais 45 que na semana passada
A maioria continua a situar-se em Lisboa e Vale do Tejo, onde há agora 134 surtos (mais 27 que há sete dias). Mas "independentemente da sua expressão numérica", são as cadeiras de transmissão em lares que mais preocupam a ministra da Saúde.
Portugal tem, atualmente, 206 surtos de covid-19 ativos, informou a ministra da Saúde, Marta Temido, esta sexta-feira, durante a conferência de imprensa, no ministério. Este número representa um aumento de 45 surtos face à semana passada.
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A maioria dos focos da doença situam-se na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde há 134 surtos de covid-19, especificou a responsável pela pasta da saúde. Seguem-se o Norte (com 41 surtos), o Centro (13), o Algarve (13) e o Alentejo (cinco).
Todas as regiões de Portugal continental aumentaram, nos últimos sete dias, o número de cadeias de transmissão ativas, à excepção do Alentejo, que mantém as cinco da semana anterior. Na Grande Lisboa há mais 27 surtos, no Norte são mais 14, no Centro mais três e no Algarve mais um.
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Apesar disto, a ministra da Saúde realça que um surto ativo não significa que foram encontrados casos de infeção pelo novo coronavírus "ontem", uma vez que "estamos a ser particularmente exigentes" nesta designação, aponta a governante. "Só consideramos um surto fechado quando já passaram dois períodos de incubação", ou seja, 28 dias desde a notificação do último caso associado a uma cadeia de transmissão.
"Independentemente da sua expressão numérica", a maior preocupação de Marta Temido são os surtos em lares "pela especial vulnerabilidade e pelas comorbidades muitas vezes associadas" aos mais velhos.
Em relação à transmissão comunitária, a ministra mostrou-se relativamente descansada, anunciando que Portugal tem "as ligações epidemiológicas bem identificadas ao caso, sabendo-se quem passou a quem a infeção". Só Lisboa e Vale do Tejo destoa do cenário nacional, tendo Marta Temido voltado a admitir dificuldades na quebra das cadeias de transmissão nesta região.
Apesar de, logo no início da conferência de imprensa, a ministra ter inidicado que Lisboa e Vale do Tejo, manteve, esta semana, "uma diminuição da incidência" do vírus, apresentando como execpeção apenas o concelho de Sintra.
Numa análise mais micro, questionada sobre o ponto da situação de quatro surtos em específico, a diretora-geral da Saúde informou que na congregação das irmãs dominicanas de Sintra existem 15 casos positivos entre os 16 supeitos. Num hipermercado em Torres Vedras, confirmaram-se "até à data" seis infeções e foram realizados 148 testes de rastreio.
Num navio em manutenção da Lisnave foram encontrados onze casos e feitas 92 análises. Já na GNR de Bragança, há 56 infetados descobertos com a realização de 168 testes, acrescentou Graça Freitas.
RT nacional é de 0,96
Sobre o número de pessoas que cada infetado contagia ao longo do tempo (medido pelo RT), Marta Temido referiu que este indicador - analisado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) entre os dias 10 e 14 de julho - se encontra agora nos 0,96. "Um valor que indica que o número de novos casos a cada geração se mantém ainda aproximadamente constante e ainda assim a baixar um bocadinho", salientou a ministra.
A nível regional, o RT é agora mais elevado no Algarve (1,17), depois no Norte (1,04), no Centro (0,99), em Lisboa e Vale do Tejo (0,94) e no Alentejo (0,89). "Em regiões onde temos agora um menor número de novos casos confrontamo-nos com um RT superior. A circunstância do número de casos positivos tem a ver com o que são os novos casos e a estimativa de transmissão", explicou a ministra da Saúde.
Ministra não vê motivo para alterar restrições nos transportes públicos
Horas depois do ministro das Infraestruturas e da Habitação ter admitido a possibilidade de acabar com as limitações à lotação dos transportes públicos, em entrevista ao Dinheiro Vivo e à TSF, Marta Temido garante que este "é sempre um tema que nos suscita a maior preocupação". Acrescentando: "neste momento, não vejo motivo para alterar aquilo que tem estado a ser definido".
Marta Temido garantiu ainda que uma "eventual reanálise desta situação" terá sempre de ser feita com muitas cautelas.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, socorreu-se, esta sexta-feira, de estudos internacionais para dizer que não há uma relação entre o uso de autocarros, comboios ou metro e surtos de covid-19. "Acho que temos de equacionar isso [o levantamento da limitação], porque de outra forma vamos ter problemas sérios de mobilidade na Área Metropolitana de Lisboa", disse o governante.
"Também é importante que todos saibam que a CP [Comboios de Portugal] tem dois mil trabalhadores, que trabalham diariamente dentro dos comboios, e só tivemos três infetados", continua. "Não estou a dizer que não existe risco no transporte público, mas estudos internacionais vão mostrando que não é esse o problema".
Mais três mortes e 312 casos em 24 horas, 76% em Lisboa e Vale do Tejo
Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais três pessoas e foram confirmados mais 312 casos de covid-19 (um crescimento de 0,7% em relação ao dia anterior). Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta sexta-feira (17 de julho), no total, desde que a pandemia começou registaram-se 48077 infetados, 32790 recuperados (mais 314) e 1682 vítimas mortais no país.
Há, neste momento, 13 605 doentes portugueses ativos a ser acompanhados pelas autoridades de saúde. Mesnos cinco que esta quinta-feira.
236 dos 312 novos infetados (76%) têm residência na região de Lisboa e Vale do Tejo. Os restantes casos de hoje estes estão distribuídos pelo Norte (mais 40), pelo Alentejo (18), pelo Centro (10), pelo Algarve (sete) e pelos Açores (um).
Quanto aos três óbitos confirmados nas últimas 24 horas, estes localizam-se em Lisboa e Vale do Tejo (dois) e no Norte (um).

Esta sexta-feira, estão internados 447 doentes (menos 29 que no dia anterior) e nos cuidados intensivos estão 67 pessoas (menos cinco que na véspera). Este é o menor número de hospitalizações dos últimos 20 dias; é preciso recuar até 27 de junho para encontrar menos doentes internados - na altura eram 442.