Pardal Henriques apela aos motoristas: "Recusem trabalho suplementar"
O advogado e vice-presidente do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pedro Pardal Henriques, apelou aos motoristas que "recusem trabalho suplementar" no próximo fim de semana, nas vésperas do início da greve que está convocada para a próxima segunda-feira, por tempo indeterminado.
Numa mensagem publicada nas redes sociais na noite de quarta-feira, depois de ter afirmado que em Portugal se vive "uma ditadura sob a capa de um país democrático", o advogado escreve, citado pelo Expresso : "Apesar da pressão das empresas para que venham a realizar trabalho suplementar no próximo sábado e domingo, aconselho veementemente a que RECUSEM essa prestação de trabalho". Pardal Henriques acrescenta que "os trabalhadores podem recusar a prestação de trabalho suplementar, se existirem motivos atendíveis", apontando como "motivos atendíveis" a realização de um plenário do sindicato e terem sido ultrapassadas as 200 horas de trabalho suplementar anuais permitidas por lei".
"As empresas estão a tentar brincar connosco, e o Governo está claramente aliado com a tortura que é imposta sobre este setor", diz Pardal Henriques, classificando como um "atentado ao mundo laboral" a fixação de serviços mínimos anunciada quarta-feira pelo Governo.
"Temos estratégias para reagir, e quero partilhar convosco no próximo sábado às 15h em Aveiras", prossegue o advogado, sustentando que esse plenário "é o momento da decisão e o momento de fazer história" - "Estou convosco até ao fim".
Ontem, Pardal Henriques apresentou uma queixa-crime na Polícia Judiciária, contra o que diz serem esquemas de fraude fiscal realizados "por várias empresas representadas pela ANTRAM". Em causa está uma "fraude fiscal de 300 milhões de euros anuais", afirmou à agência Lusa, acrescentando que a queixa foi apresentada "contra várias empresas representadas pela ANTRAM, nomeadamente aquelas que anunciaram uma hipotética providência cautelar".
Na última terça-feira, cinco empresas anunciaram a apresentação de uma providência cautelar pedindo a ilegalidade do pré-aviso de greve dos motoristas. Já após o anúncio da queixa-crime por parte de Pedro Pardal Henriques, Carlos Barroso, advogado destas empresas (que não foram identificadas), defendeu que se trata de "uma fuga para a frente" e "um 'tiro" ao lado".