Mais 30 mortes e 750 infetados em Portugal. Casos de covid-19 sobem 4,1%

O país tem agora, no total, 18 841 casos confirmados de infeção com o novo coronavírus (mais 4,1% que no dia anterior) e 629 vitimas mortais (mais 5% que ontem), segundo o boletim da DGS desta quinta-feira. Cerca sanitária em Ovar deverá ser levantada nos próximos dias.
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Nas últimas 24 horas, morreram mais 30 pessoas e foram confirmados mais 750 casos de covid-19, em Portugal. Segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), desta quinta-feira (16 de abril), há agora no país 18 841 infetados, 629 vítimas mortais e 493 recuperados (mais 110 do que ontem).

Aguardam resultados laboratoriais 3910 pessoas e mais de 26 mil estão a ser acompanhadas pelas autoridades de saúde para vigiar possíveis sintomas. Estão internados 1302 doentes, destes 229 em unidades de cuidados intensivos. O que significa que 87% dos doentes estão a ser tratados em casa.

Esta semana a taxa de crescimento de novos doentes tem estado mais baixa que nas anteriores, rondando os 3%. Esta quinta-feira, a taxa é de 4,1%. No entanto, o secretário de estado da Saúde, António Lacerda Sales, alertou, esta quinta-feira, que não é altura de baixar a guarda. "Temos de aprender a viver com o vírus sabendo que a única vacina que temos é o distanciamento social", disse.

Durante a habitual conferência de imprensa diária, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, indicou que o número médio de contágios causados por cada pessoa (R0) no país é de "cerca de 1%". "Cada país tem uma realidade demográfica diferente e um sistema de saúde diferente. Neste momento o nosso R0 é à volta de 1", dizia Graça Freitas, depois de referir que o da Dinamarca é de 0,7% e que o país se preparava para começar a diminuir lentamente as medidas de isolamento. Mas cada país é um país.

A taxa de crescimento de letalidade do país continua a ser de 3,3%., subindo a 12% no caso das pessoas acima dos 70 anos. Nas últimas 24 horas, foram declarados mais 30 óbitos, o que representa um aumento de 5% face a ontem. Nenhuma das vítimas de hoje estava internada nos cuidados intensivos, informou o secretário de estado da saúde, António Lacerda Sales. Houve apenas uma suspeita no serviço do Hospital de São João, no Porto, ainda por confirmar.

Entre as 629 vítimas mortais, 311 eram mulheres e 318 eram homens. A maior parte das vítimas mortais (86%) tinha mais de 70 anos e não existem óbitos declarados de pessoas com menos de 39 anos.

Quanto ao número de recuperados - 493 - este regista hoje um aumento significativo, tendo em conta que esta é uma doença prolongada e que são necessários dois testes negativos para classificar um doente como curado. Nas últimas 24 horas, foram dados como recuperadas mais 110 pessoas.

Ainda segundo o boletim da DGS, a tosse (56%) continua a ser o sintoma mais associado aos casos positivos de Sars-CoV2, seguida de febre (41%) e dores musculares (29%).

59,6% dos casos estão na região norte

É a norte que se localizam a maioria dos casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus. Esta quinta-feira, a região tem 355 óbitos e 11 237 doentes, o que representa 59,6% do total nacional.

Seguem-se as regiões de Lisboa e Vale do Tejo (4 237 infetados e 115 mortes), o centro (2 756 e 146 óbitos), o Algarve (300, 9) e os Açores (102, 4). Só no Alentejo (156 casos) e na Madeira (53) ainda não existem registo de vítimas mortais.

A nível municipal, Lisboa volta a ser o concelho onde existem mais casos (996), depois do Porto ter ocupado durante uns dias o primeiro lugar desta tabela. A seguir à capital, há mais infetados no Porto (988) e em Vila Nova de Gaia (956), de acordo com os dados recolhidos pelo sistema Sinave, que correspondem a 82% do total de infeções confirmadas no país.

Mais de 2 mil profissionais de saúde infetados. "São população especial, que tem capacidade de se autovigiar"

Ao dia de hoje, há, segundo o secretário de estado da Saúde, 2131 profissionais de saúde infetados com o novo coronavírus. 566 são enfermeiros, 396 médicos e 1169 dizem respeito a assistentes operacionais, técnicos, farmacêuticos e outros trabalhadores.

A maioria está em casa, sendo acompanhados por uma linha dedicada especialmente a profissionais de saúde, quando necessário, "mas, muitas vezes, as pessoas têm capacidade para fazer auto-vigilância e, se tiverem alteração de sintomas, reportam a situação", afirmou a diretora-geral da saúde referindo-se à vigilância feita a profissionais de saúde com a doença.

"Nesse caso, não precisam de vigilância ctiva. É o caso de alguns profissionais de saúde, que são uma população especial, que tem capacidade de se auto-vigiar", sublinhou.

"Não podemos recuar ao dia 30 de dezembro de 2019"

Durante os próximos tempos, as medidas de contenção deverão continuar. Até quando? Ainda não se sabe. A DGS garante que uma equipa de epidemiologista está a monitorizar a situação diariamente, mas que, mesmo quando houver uma suavização da nova realidade, as medidas de contenção deverão continuar a ser seguidas. É um "retorno à atividade normal num mundo com covid", indica Graça Freitas.

"Nós não podemos recuar ao dia 30 de dezembro de 2019. E é deste equilíbrio - que não é incompatível - que vamos ter de viver nos próximos temos. Vamos ter voltar à normalidade com precaução", continua a diretora-geral da Saúde.

Cerco sanitário de Ovar deverá ser levantado no próximo fim de semana

Na conferência de imprensa, Graça Freitas adiantou ainda que o cerco sanitário de Ovar "é um bom exemplo" e que "a avaliação de risco epidemiológico indica que já não é uma situação especial".

Assim sendo, está agendada para os próximos dias o possível levantamento deste cerco sanitário. "Creio que está previsto para dia 18 ou para dia 19, mas não quero cometer nenhuma inconfidência", disse.

Marcelo submete ao Parlamento renovação do estado de emergência

"Depois de ouvido o Governo, que se pronunciou esta manhã favoravelmente, o Presidente da República enviou à Assembleia da República, para autorização desta, o projeto de diploma decretando a renovação do estado de emergência por 15 dias", refere uma nota, publicada esta quinta-feira de manhã, na página da Presidência da República.

Marcelo Rebelo de Sousa já se tinha mostrado de acordo, na passada sexta-feira, com a prorrogação do estado de emergência em Portugal por mais 15 dias, até 2 de maio. O que corresponde ao terceiro período nesta situação.

O diploma que o Presidente da República enviou para o Parlamento utiliza termos "largamente idênticos" àquele que estão no documento em vigor até dia 17 de abril, mas prevê "a possibilidade de futura reativação gradual, faseada, alternada e diferenciada de serviços, empresas e estabelecimentos, com eventuais aberturas com horários de funcionamento adaptados, por setores de atividade".

"O decreto do senhor Presidente da República vai ao encontro do nosso discurso sempre cauteloso. O regresso à atividade mais normal não é incompatível com a manutenção da contenção social e das medidas que temos tomado ao longo deste tempo", disse o secretário de estado da Saúde, António Lacerda Sales, durante a conferência de imprensa.

O país encontra-se em estado de emergência - pela primeira vez na história da democracia - por causa da pandemia da covid-19 desde 19 de março.

Mais de dois milhões de casos de covid-19 no mundo

Há 2 094 884 milhões de infetados com covid-19 no mundo inteiro, segundo os dados oficiais, atualizados às 10:41 desta quinta-feira. Morreram 135 569 pessoas e recuperaram 520 946.

Os Estados Unidos da América são o país mais afetado com o surto do novo coronavírus, acumulando 644 348 doentes e 28 554 mortes. Espanha é a segunda nação com maior número de casos (182 816) e a terceira com mais óbitos declarados (19 130, mais 551 nas últimas 24 horas).

Segue-se Itália, com 165 155 casos confirmados e com 21 645 vitimas mortais. E depois, França, Alemanha, Reino Unido e a China, onde a pandemia começou no final do ano passado e que agora regista um aumento residual do número de infetados e que dizem respeito, segundo as autoridades de saúde, essencialmente a pessoas que chegaram do estrangeiro. Nas últimas 24 horas foram notificados 46 casos na China.

Portugal é, neste momento, o 16.º país do mundo com mais infetados de covid-19.

Recomendações da DGS

Para que seja possível conter ao máximo a propagação da pandemia, a Direção-Geral da Saúde continua a reforçar os conselhos relativos à prevenção: evite o contacto próximo com pessoas que demonstrem sinais de infeção respiratória aguda, lave frequentemente as mãos (pelo menos durante 20 segundos), mantenha a distância em relação aos animais e tape o nariz e a boca quando espirrar ou tossir (de seguida lave novamente as mãos). E acima de tudo: fique em casa.

Em caso de apresentar sintomas coincidentes com os do vírus (febre superior a 38º, tosse persistente, dificuldade respiratória), as autoridades de saúde pedem que não se desloque às urgências, mas sim para ligar para a Linha SNS 24 (808 24 24 24) ou para a unidade de cuidados primários mais próxima.

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