Tancos: novo arguido em prisão preventiva

Há mais um arguido detido na investigação ao roubo do material de guerra em Tancos. Presente a tribunal ficou em prisão preventiva. Sobe para 19 o número de suspeitos.
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A Polícia Judiciária já deteve 19 pessoas na investigação ao desaparecimento de material de guerra no Paiol de Tancos, em 2017. A mais recente operação da Judiciária aconteceu na quarta-feira à noite quando foi detido mais um suspeito de envolvimento neste furto, em Ansião, local onde João Paulino, apontado como o cabecilha do grupo, geria um bar.

De acordo com um comunicado divulgado na manhã desta sexta-feira, este elemento é suspeito dos crimes de associação criminosa, furto, detenção e tráfico de armas, terrorismo internacional e tráfico de estupefacientes.

Esta investigação teve um maior impulso em meados de novembro do ano passado na sequência de um interrogatório a um suspeito - com a alcunha de "Fechaduras" - especialista em abrir cadeados e fechaduras, que terá sido quem indicou aos assaltantes o material que deviam utilizar para abrir os paióis. Apesar de não ter participado diretamente no roubo, "Fechaduras" foi constituído arguido mas libertado, o que, no meio judicial, é um sinal de que o seu depoimento terá sido muito relevante para a investigação.

Foi já depois da inquirição a este novo arguido que a PGR anunciou que o DCIAP também ia dirigir a investigação à recuperação das armas, cujo inquérito estava no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa. O DCIAP é o departamento do MP que investiga a criminalidade mais violenta e grave e a decisão da PGR de juntar aqui os dois inquéritos (o do roubo e o da encenação da entrega do material) demonstrou que estão interligados e têm suspeitos comuns.

Os dois inquéritos estão agora juntos num só, com um total de 19 arguidos - os oito detidos a 17 de dezembro e "Fechaduras" e os nove do inquérito à recuperação do material. Na Operação Húbris, que resultou da investigação à recuperação do material, são arguidos o ex-fuzileiro e oito militares da GNR e da PJM, entre os quais o ex-diretor desta polícia, coronel Luís Vieira, o único arguido em prisão preventiva a cumprir a medida de coação na cadeia. Outro dos arguidos em prisão preventiva, mas com pulseira eletrónica, é o major Vasco Brazão, que coordenava a equipa de investigação criminal da PJM.

O esclarecimento do assalto, pelo lado criminal, começa agora a ser desvendado. Resta agora esclarecer as responsabilidades políticas, o principal alvo da Comissão de Inquérito parlamentar que iniciou os seu trabalhos a 14 de novembro. A partir de janeiro e até maio serão ouvidas 63 personalidades, incluindo arguidos no processo judicial, investigadores da PJM, comandantes operacionais e chefes militares, responsáveis das secretas, o primeiro-ministro, António Costa, e os ex-ministros da Defesa Aguiar-Branco e Azeredo Lopes.

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