Adiada a sentença do casal acusado de matar professora do Montijo
A sentença de Diana Fialho e Iúri Mata acusados do homicídio da professora Amélia Fialho, mãe adotiva de Diana foi adiada. Foi pedida uma alteração não substancial de factos no Tribunal Judicial de Almada, distrito de Setúbal, esta sexta-feira, o que impediu a conclusão do processo judicial do homicídio ocorrido a 1 de setembro de 2018 no Montijo. A audiência continuará no dia 29 de julho.
Em causa está a adição da expressão "por motivo fútil" acrescentada à acusação de homicídio, o que pode só por si agravar a pena. E a chegada apenas esta quarta-feira do relatório aos equipamentos informáticos que terão sido utilizados durante o planeamento do crime, como o computador de Iúri, que tem no histórico das pesquisas o nome do local onde Amélia Fialho foi encontrada e a localização da bomba de gasolina, onde o casal foi gravado a comprar combustível alegadamente para queimar o cadáver da vítima. Perante estas novas indicações, a defesa pediu os dias, que tem por direito, para analisar as informações e pronunciar-se em tribunal (o que acontecerá com a reabertura da audiência dia 29 de julho.
A data da nova sentença só será marcada na audiência, mas o advogado da família de Amélia Fialho, José Pinto, acredita que esta será agendada ainda para agosto. "Isto é só adiar a condenação. Existem muitas provas. Isto é só dar tempo à defesa", disse à saída do tribunal.
Na semana passada, durante as alegações finais, o procurador do Ministério Público (MP) Jorge Moreira da Silva pediu a pena máxima de 25 anos de cadeia para Diana Fialho, 23 anos, e Iúri Mata, 27 anos, por homicídio qualificado e por profanação de cadáver. "Gizaram um plano para matar Amélia Fialho, de 59 anos, e, ao jantar, colocaram fármacos na bebida da vítima que puseram a dormir", altura em que desferiram "vários golpes utilizando um martelo", é descrito no despacho de acusação do MP.
A acusação relata ainda que o casal levou o corpo na bagageira do carro até um terreno agrícola em Pegões, Montijo, onde "atearam fogo ao cadáver" com gasolina. Tese esta que resulta, segundo Jorge Moreira da Silva, da reconstituição do crime feita por Iúri Mata à Polícia Judiciária, do sangue encontrado dentro da viatura usada para transportar o corpo e das imagens do casal na bomba de gasolina onde foram comprar combustível. E até do relatório de autópsia que identifica dois medicamentos no corpo da vítima (um antidepressivo e outro usado em distúrbios de sono graves), que nunca foram prescritos a Amélia.
Tudo acusações que a defesa negou durante o julgamento, tendo pedido a absolvição do casal por considerar que não foi provada a participação no crime. Os arguidos remeteram-se ao silêncio, no caso de Iúri Mata "por estar sob o efeito de forte medicação" depois de se ter tentado suicidar duas vezes, de acordo com a advogada do mesmo, Alexandra Marques Coelho. "Ainda há muta coisa para ser falada", garantiu esta sexta-feira. Quer durante a próxima audiência, quer depois em recursos "no plural", que diz ir pedir. O mesmo dá a entender a advogada de Diana Fialho, Tânia Reis.
Diana Fialho, atualmente no Estabelecimento Prisional de Tires, e Iúri Mata, no do Montijo, foram detidos e presentes a tribunal a 7 de setembro de 2018, quando ficou decidido que ficariam em prisão preventiva. No entanto, o julgamento só começou no dia 4 de junho deste ano.
Amélia Fialho, 59 anos, era professora de Físico-Química na Escola Secundária Jorge Peixinho. Adotou Diana porque queria ser mãe e porque gostaria de ter alguém "a quem deixar o que tinha", explicou uma amiga e colega durante o julgamento. Por isso, o testamento de Amélia estava em nome de Diana, pelo menos até 2004, altura em que a filha deixou a casa da mãe para ir viver com o namorado. No mesmo ano, a PSP foi chamada a casa da professora por esta ter sido alegadamente agredida pela filha adotiva.
Os problemas entre as duas terão começado depois do início do namoro entre os dois arguidos, segundo uma testemunha ouvida na segunda sessão do julgamento. "No início, quando a menina veio para casa via-as muito felizes, tinham uma cadela e adoravam-na. Quando a Diana começou a namorar com o Iúri, do que tenho conhecimento, foi quando começaram os problemas", contou ao tribunal Maria de Sousa, amiga e colega da professora do Montijo.
Amélia Fialho foi dada como desaparecida a 3 de setembro pela própria Diana Fialho, que fez ainda apelos nas redes sociais e deu entrevistas sobre o suposto desaparecimento da mãe. Dois dias depois, a GNR encontrou o corpo "completamente carbonizado".