Malveira da Serra passa madrugada cercada pelas chamas

Bombeiros lutam para impedir propagação a habitações. Fogo combatido por mais de 600 operacionais
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O vento forte provocou esta madrugada reacendimentos no incêndio na Malveira da Serra, um dos focos mais graves do fogo que atinge a zona se Sintra-Cascais. Áreas que estavam aparentemente em fase de resolução voltaram a reacender-se cerca das 4:00.

Pelo menos duas casas de alojamento local na aldeia foram atingidas pelas chamas, apurou o DN. Desde cerca das 3:00, a maior preocupação dos bombeiros era proteger as habitações desta povoação.

Não há registo de feridos. Os habitantes foram retirados ou saíram voluntariamente da zona. A GNR fez patrulhas e a bater às portas em busca de pessoas que não tivessem abandonado as suas casas. A Proteção Civil fez um ponto de situação cerca das 4:30 no qual foi revelado que ao todo foram retiradas 47 pessoas de suas casas:

Francisco Espírito Santo, de 72 anos, vive com a mulher em Malveira e confessou ao DN que não sabe bem o que fazer: "Estou com cá fora a ver se é preciso ir embora. Isto voltou a acender. Tudo vai depender do vento."

O incêndio deflagrou sábado à noite na zona da Peninha, freguesia de Colares, em Sintra, passou a Estrada Nacional n.º 247 e propagou-se em direção a Figueira do Guincho. Casas das aldeias de Biscaia e Figueira do Guincho e Aldeia do Juzo, em Cascais, e Almoinhas Velhas, Sintra, foram evacuadas. Também um parque de campismo da zona do Huincho foi evacuado. Estas pessoas foram encaminhadas para o Centro Recreativo da Malveira.

Às 4:00 o incêndio estava a ser combatido por 644 operacionais e 189 veículos, de acordo com a informação disponibilizada na página da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC). Nessa altura, havia também operacionais de Santarém, Setúbal e Leiria no combate às chamas.

As habitações da aldeia de Biscaia, na zona de Alcabideche, Cascais, foram as primeiras a ser evacuadas por precaução, perto da 01:00 da madrugada. Seguiram-se Figueira do Guincho, em Cascais, e Almoinhas Velhas. ​​​Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, já tinha admitido evacuar populações junto à Praia do Guincho, falando em "populações" no plural, mas sem revelar quais. No entanto, fonte da Proteção Civil confirmou tratar-se de Biscaia e Figueira do Guincho, Aldeia do Juzo e Almoinhas Velhas.

A webcam colocada na praia do Guincho para dar apoio ao surf permitiu durante a noite ver as chamas da perspetiva da praia:

Marcelo acompanhou operações com Basílio em Sintra

O presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, revelou que "o vento violentíssimo" dificultou o combate às chamas e criticou ainda a falta de meios aéreos para combater o fogo. A situação preocupava o edil e não só. Pouco tempo depois de ser dada a notícia, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocou-se a Sintra para acompanhar as operações, tendo o presidente voltado depois à sua residência em Cascais.

O chefe de Estado deixou a câmara cerca de meia hora depois e mantém-se em contacto com o presidente da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras (PSD), uma vez que as chamas evoluíram para a zona da Biscaia.

Já perto das 03:00, Basílio Horta revelou no Facebook que a situação em Sintra "estava controlada". "A situação em Sintra está controlada e estou certo que em Cascais estará em breve. Vai ser uma longa noite de vigilância. Faço um apelo a todos: muita vigilância e calma. A todos os envolvidos hoje, nos últimos meses e anos na salvaguarda e proteção da Serra de Sintra, obrigado. Hoje está a ser um tremendo teste à nossa capacidade de reação", escreveu o presidente da Câmara Municipal de Sintra.

O quarto incêndio nos últimos dias

Este é já o quarto incêndio a deflagrar na zona de Sintra. Três estão a ser investigados pela Polícia Judiciária (PJ), segundo noticiou este sábado o jornal digital Cascais 24. Um deles deflagrou ainda este sábado, entre Murches e Zambujeiro, na área do Parque Natural Sintra-Cascais.

Segundo a informação na página da Proteção Civil (ANPC), o alerta do quarto incêndio foi dado às 22:50. Nessa altura, fonte da Associação Bombeiros Voluntários Sintra disse ao DN que o incêndio se dirigia "da Peninha para Malveira da Serra" e a situação era "muito grave", podendo "haver evacuação de localidades". O que aconteceria depois.

A zona do convento da Peninha situa-se no perímetro do Parque Natural de Sintra-Cascais, numa área muito exposta aos ventos marítimos.

Entretanto, nas redes sociais surgem imagens do incidente:

Com Ricardo Simões Ferreira

Notícia atualizada às 4:50

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