Graça Freitas reitera confiança na China. Portugueses em navio testam negativo
Um dia após o médico chinês que denunciou o coronavírus ter inicialmente sido dado como morto, notícia entretanto desmentida pelo hospital, que dizia estar ainda a tentar salvá-lo, para depois então sim ser oficialmente confirmado como morto, a diretora geral de saúde, Graça Freitas, reiterou a confiança nas autoridades chinesas.
"Não há motivos para não confiar nas autoridades chinesas. A China tem sido muito transparente, colocou 50 milhões de pessoas sob quarentena. Têm permitido entrevistas e dado imagens", argumentou esta sexta-feira, em conferência de imprensa.
A morte Li Wenliang, que foi repreendido pela polícia por ter denunciado o surto mortal de coronavírus, está a suscitar vários apelos pela liberdade de expressão na China. Nas nas redes sociais chinesas, a frase "eu quero liberdade de expressão" tornou-se viral, após a notícia da morte do oftalmologista, de 34 anos, que fez os primeiros alertas sobre o novo vírus.
Graça Freitas deu ainda conta que as análises feitas aos oito portugueses (cinco elementos da tripulação e três passageiros) retidos num navio de cruzeiro ao largo do Japão, com 61 casos confirmados de pessoas infetadas, deram negativo. "Neste momento, todas as situações estão estáveis. Estão assintomáticos e estão bem. As autoridades continuam a informar Portugal sobre estes cidadãos. Até à data estamos tranquilos", revelou.
Sobre a causa do coronavírus, que poderá estar no pangolim segundo uma investigação científica, Graça Freitas frisa que é "difícil perceber a causa". "Eles estão a fazer testes e mais testes a todos os animais possíveis como hospedeiros. Esse é um dado muito importante na cadeia de transmissão, mas encontrar a cura para os vírus nunca é fácil. A maior esperança é encontrar uma vacina, mas leva tempo a desenvolver-se", frisou, admitindo a possibilidade de "medicamentos para tratar HIV poderem ser testados para tratar o coronavírus".
Acerca da resposta do Serviço Nacional de Saúde, diz que esta será dada de acordo com a evolução da doença, para não haver uma resposta desproporcionada. "Se houver mais casos, temos de ter hospitais, mais laboratório, mais ambulâncias, mais enfermeiros e mais pessoal preparados para mais casos. Vamos avaliando a evolução da doença, é esse o nosso método. Não podemos ter resposta desproporcionada", vincou.
Desde o último balanço, na quinta-feira, registaram-se mais 73 mortes e 3143 casos de infeção no surto que começou na cidade de Wuhan, na província central de Hubei.
Na Europa, o número de casos confirmados chegou a 31, com novas infeções detetadas no Reino Unido, Alemanha e Itália.