"Diques que se romperam não estavam preparados para este tipo de esforço"

Presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, justificou esta segunda-feira o colapso dos dois diques na sequência da depressão Fabien

Os dois diques que colapsaram este domingo em Montemor-o-Velho na sequência da depressão Fabien "não estavam preparados" para o "tipo de esforço" a que foram submetidos, revelou esta segunda-feira num balanço às 13.00 o presidente da Câmara Municipal, Emílio Torrão, que visitou os locais afetados com Carmona Rodrigues, projetista da obra de regularização do Baixo Mondego.

As obras de reparação dos diques vão ser consteadas pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e pelo munícipio, mas o autarca não confia a 100 por cento na visão do Minsitro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, que disse "acreditar que, em dois meses, aqueles diques estão completamente reparados".

Para os próximos dias preveem-se condições atmosféricas, o que pode ajudar "nesta luta desigual contra as forças da natureza", frisou por sua vez Carlos Luís Tavares, Comandante Distrital de Coimbra da Proteção Civil. "Vamos continuar a monitorizar a situação, que ainda nos preocupa. Não vamos baixar a guarda", assegurou o responsável, que ainda assim alerta para o risco de novas cheias. "Não terá o mesmo risco de gravidade, mas não deixaremos de ter em consideração", avisou.

Carlos Luís Tavares diz que o "nível da água baixou consideravalmente", mas que "o município vai ficar vulnerável e há estradas que vão ficar interditas durante semanas". Entre 100 a 150 operacionais vão estar no terreno dos próximos dias.

Sobre o Centro Náutico local, Emílio Torrão garante que foi desocupado tudo o que podia ser. "Os trabalhadores do município trabalharam arduamente para desocupar aquele espaço", garantiu.

Os efeitos do mau tempo, que se fazem sentir desde quarta-feira, já provocaram dois mortos e um desaparecido e deixaram 144 pessoas desalojadas e outras 352 deslocadas por precaução, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.

O mau tempo, provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou no sábado a depressão Fabien, provocou também condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.

Na noite de domingo, o presidente do município de Montemor-o-Velho disse que o talude esquerdo do leito periférico direito do Mondego colapsou, no local onde poucas horas antes tinha sido identificado um aluimento de terras.

Emílio Torrão confirmou o colapso do talude esquerdo, numa extensão de 50 metros, bem como o transbordo de água para aquele canal a partir dos campos agrícolas que estão alagados, cerca de meio quilómetro a montante da ponte das Lavandeiras, na povoação de Casal Novo do Rio.

A povoação está a ser defendida através de uma barreira de pedras e sacos de areia, ali colocada por meios da Proteção Civil municipal.

O município pediu ao ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, que a EDP pudesse suspender as descargas na barragem da Agueira - pedido que estava a ser cumprido, segundo o autarca.

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