Covid-19 em Portugal. Não se sabe onde 41% das pessoas foram infetadas
Em 41% dos novos casos de covid-19 não se conhece um link epidemiológico, ou seja, não se sabem onde os doentes foram infetados. A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, referiu-se, em conferência de imprensa, a uma percentagem "francamente positiva", uma vez que Portugal já enfrenta uma "grande transmissão comunitária".
"Ao dia de hoje [19 de outubro] foi possível em 59% do casos identificar um contacto com alguém que tivesse sintomas de covid-19 ou que fosse um caso positivo. E, muitas vezes, esta percentagem ainda aumenta à medida que se apuram os inquéritos epidemiológicos", disse Graça Freitas, que alertou ainda para o facto de esta ser "uma situação que se pode alterar de um dia para o outro".
As dificuldades em rastrear os contactos de todas as pessoas positivas para a covid-19 aumentam à medida que também vão sendo confirmados mais novos casos da doença. Na passada sexta-feira, a responsável pela Direção-Geral da Saúde (DGS) admitiu existir uma "enorme pressão" sobre os serviços de saúde pública, que nem sempre conseguem rastrear todos os contactos dos casos em tempo útil.
Facebookfacebookhttps://www.facebook.com/sns.gov.pt/videos/685008132416019
Durante a conferência de imprensa e questionada sobre uma possível ligação entre o início do ano letivo presencial e o aumento de novos casos, Graça Freitas disse não existir nenhuma relação conhecida.
"Não se encontrou nenhuma relação entre a abertura das escolas e o aumento do número de casos. Primeiro, porque os casos das escolas são relativamente limitados e isolados. Pensa-se que a maior parte das vezes foram contraídos na comunidade e não ao contrário", apontou a diretora-geral da Saúde. "Continuamos a ter um padrão de transmissão que é iminentemente familiar/social".
Portugal ultrapassou, esta segunda-feira, os 100 mil casos de covid-19, desde o início da pandemia. Nas últimas 24 horas, foram confirmados 1949 novos infetados pelo novo coronavírus e morreram mais 17 pessoas, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) desta segunda-feira (19 de outubro).
No total, desde março, registaram-se 101 860 casos, 2 198 vítimas mortais e 59 966 pessoas recuperaram da doença (mais 966 no último dia).
A maioria dos infetados das últimas 24 horas localiza-se na região do norte (mais 987 - 50,6% do total) e em Lisboa e Vale do Tejo (749 - 38,4%). Seguem-se o centro (mais 133), o Alentejo (35), o Algarve (32), os Açores (sete) e a Madeira (seis).
Neste momento, há 39 696 doentes ativos a ser acompanhados pelas autoridades de saúde, mais 966 do que ontem. E, de acordo com a diretora-geral da Saúde, "há um aumento da proporção de novos casos entre os 50 e os 69 anos. Apesar de tudo, a maior parte dos [novos] casos são em faixas etárias jovens".
Entre os mais novos, a faixa etária que mais se destaca, com uma diferença quase insignificante, é a dos 20 aos 29 anos, que tem agora 18% dos infetados. "Não anda muito longe de outros grupos etários: o dos 30 aos 39 tem 16% e o dos 40 a 49 tem 17%", especificou Graça Freitas, no ministério da Saúde.
Na semana que terminou ontem (de 12 a 18 de outubro), o país bateu recordes sucessivos do número de casos de covid diários, tendo chegado a atingir as 2608 infeções, na sexta-feira. Nos últimos sete dias contabilizaram-se 13247 novos casos, o que dá uma média diária de 1892 infeções.
Apesar destes números, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde continua a dizer que temos de "evitar a todo o custo confinar". "Não podemos ficar fechados todo o Inverno", afirmou António Lacerda Sales, apelando à responsabilidade cívica de cada um no que diz respeito ao cumprimento das normas sanitárias.