Covid-19. DGS pede mais atenção às empresas e Governo reforça fiscalização

Autoridades de saúde alertam as empresas, especialmente na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde o contágio permanece a um ritmo mais acelerado, para a necessidade de manter rigor nas medidas de contenção.
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A diretora-geral da Saúde pediu, este domingo, às empresas para assumirem responsabilidade pelo cumprimento das orientações das autoridades de saúde no local de trabalho, assumindo uma atitude pedagógica. O apelo de Graça Freitas acontece no último dia de uma campanha de testagem massiva em empresas na região de Lisboa e Vale do Tejo, que continua a ter a maior parte dos novos casos de infeção de covid-19 encontrados em Portugal. Por sua vez, o Governo promete reforçar a fiscalização das regras sanitárias.

"Deve dar-se formação aos trabalhadores. Por vezes, não têm uma perceção do risco tão boa quanto deviam, nem conhecem o plano de contingência. Compete também ao empregador ter esta atitude pedagógica. Devia haver alguma supervisão da parte da entidade patronal para ver se estão a cumprir as regras", disse Graça Freitas, durante a conferência de imprensa diária, no ministério da Saúde, onde é feito um balanço da situação epidemiológica do país.

A maior parte dos surtos ativos na região da Grande Lisboa - que teve hoje 75% dos 342 infetados registados no boletim da Direção-Geral da Saúde, deste domingo - dizem respeito a contágio em empresas, sobretudo de trabalho temporário, e a obras. Por isso, na última semana, foi realizado um rastreio a cerca de 14 mil pessoas em empresas. Até ao momento, foram comunicados resultados correspondentes a 8907 testes, revelou a ministra da Saúde. 396 deram positivo (4,4%). Os restantes deverão ser conhecidos esta segunda-feira.

Durante a conferência de imprensa, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, na qualidade de Coordenador da resposta à covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo, revelou que "nos próximos dias a PSP vai reforçar a intervenção neste território [Grande Lisboa] para verificar o cumprimento de medidas de restrição nos estabelecimentos comerciais" e, se necessário, "serão encerrados os que não cumpram regras".

Duarte Cordeiro disse ainda que a PSP da área metropolitana de Lisboa já levou a cabo "8 mil ações de verificação do cumprimento do confinamento obrigatório", no âmbito das quais fez cinco detenções. Além disso foram ainda feitas "840 ações de sensibilização e de fiscalização de estabelecimentos comerciais, tendo encerrado 12".

O Governo deixa a promessa de continuar e aumentar a intensidade das medidas de prevenção. Principalmente, quando tanto a ministra da Saúde como o secretário de estado admitiram, de forma clara, que é esperado que os número da região de Lisboa continuem a subir nos próximos dias.

Marta Temido elencou três razões para que isto aconteça, que se traduzem "num atraso da curva epidemiológica na região", nos surtos existentes e na estratégia de testagem levada a cabo na última semana nas empresas na área metropolitana de Lisboa, que permitiram identificar mais novos casos. A ministra especificou que entre os 255 infetados encontrados nas últimas 24 horas, pelo menos 101 estavam relacionados com este plano de recolha de amostras traçado pelas autoridades.

Para Duarte Cordeiro "só com esforço conjunto conseguiremos reduzir a taxa de contágio" na região de Lisboa e Vale do Tejo. E, por isso, lança um apelo a todos os portugueses para que evitem aglomerações, mantenham o distanciamento social e continuem a respeitar as medidas de higiene, limpeza de objetos e superfícies e de etiqueta respiratória.

Questionada sobre as medidas tomadas por algumas empresas no regresso ao trabalho presencial, como a medida da temperatura no exterior ou a realização de testes rápidos aos funcionários, a diretora-geral da Saúde disse que bem utilizadas podem ser pertinentes.

"Há um conjunto de medidas que bem aplicadas, desde a auto-avaliação, à medição de temperaturas e à correta utilização de testes sem falta de segurança, podem reduzir o risco de transmissão", admite Graça Freitas.

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