11 marroquinos chegam ilegalmente de barco a Olhão
Foi intercetado esta madrugada na praia de Olhão (Algarve) um grupo de 11 jovens marroquinos. Os migrantes ilegais, com idades entre os 21 e os 30 anos, viajaram a partir da cidade marroquina de El Jadida - a mesma de onde partiu o grupo de oito imigrantes que deu à costa, em dezembro, na praia de Monte Gordo.
Segundo a Lusa, não têm documentos e serão ainda esta quarta-feira ouvidos por um intérprete do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), anunciou fonte oficial deste organismo.
A mesma fonte adiantou que os 11 homens falam "muito pouco francês" e que só depois de o SEF avaliar toda a sua situação é que será tomada uma decisão em relação ao seu futuro.
Este é o terceiro caso de imigrantes ilegais intercetados no Algarve. O mais recente tinha acontecido a 11 de dezembro de 2019 e o primeiro caso sucedeu há 12 anos.
De acordo com declarações do capitão do Porto de Olhão, André Cardoso de Morais, à SIC Notícias, e que o DN confirmou, os 11 migrantes viajavam numa embarcação de madeira - com um motor de 15 cavalos e outro suplente - em tudo semelhante àquela em que viajou o grupo que em dezembro foi avistado por pescadores em Monte Gordo.
O grupo foi igualmente avistado por pescadores e intercetado pela Polícia Marítima de Olhão às 5:30 desta quarta-feira. Três deles tiveram de receber assistência médica, tendo sido chamado o INEM ao local. Foram depois encaminhados para o Hospital de Faro para despistar eventuais problemas de saúde. Depois de receberem tratamento tiveram alta hospitalar.
"Apresentavam dores abdominais e um deles tinha um traumatismo na perna", disse Cardoso de Morais. A bordo, traziam apenas mantimentos "para poucos dias" e combustível. Não tinham luz na embarcação.
Terão estado no mar "cinco a seis dias", uma versão que poderá corresponder à realidade, de acordo com o comandante do porto. "O mar está calmo, as condições são favoráveis: há pouco vento", disse Cardoso de Morais.
Quando intercetados, não tentaram fugir e apesar da barreira linguística conseguiram transmitir alguns dados às autoridades.
Os 11 jovens foram levados para o Comando Local da Polícia Marítima de Olhão e já foram entregues ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Em nota enviada às redações, o SEF confirmou que os onze migrantes foram detetados esta madrugada ao largo da Ilha de Armona, no concelho de Olhão, numa pequena embarcação a motor e que a Polícia Marítima assegurou, num primeiro momento, as necessidades básicas, "incluindo alimentação e assistência médica".
"Sem prejuízo da avaliação médica requerida e que está a ser assegurada pela Cruz Vermelha Portuguesa, três deles deslocaram-se previamente ao Hospital de Faro, os quais já tiveram alta durante a manhã", indica o mesmo comunicado.
Os 11 migrantes, todos do sexo masculino, encontram-se atualmente à guarda do SEF, que está a desenvolver os procedimentos necessários para apurar as suas identidades.
Os oito jovens capturados na praia de Monte Gordo, em dezembro do ano passado, foram transferidos para o Centro Português do Refugiado, depois de terem sido elucidados sobre as alternativas legais existentes, incluindo a de requererem proteção internacional.
Foi essa a opção que os oito fizeram, certifica o comunicado do SEF: "Ao abrigo do quadro de proteção internacional aplicado noutros casos de estrangeiros resgatados no Mediterrâneo, Portugal vai acolher os oito jovens que, esta quarta-feira [15 de dezembro], desembarcaram numa praia do Algarve."
A nota acrescentava que os jovens "requereram esse estatuto de proteção" e que o registo do pedido e a respetiva documentação garante ao grupo "assistência médica, educação, alojamento e meios de subsistência."
É a terceira vez que imigrantes ilegais alcançam o Algarve. Em 2007, também em dezembro, foram 23 marroquinos que teriam Espanha como destino.
A diferença destes dois casos - em dezembro de 2019 e em janeiro de 2020 - em relação a 2007, é que "o contexto migratório é completamente diferente. E Portugal tem assumido fazer parte dos países da linha da frente no acolhimento destes cidadãos ao abrigo do que são os princípios elementares de solidariedade e responsabilidade no contexto das migrações para a Europa", disse na altura a responsável do SEF, Cristina Gatões, ao Diário de Notícias.
A rota marítima de imigração ilegal em direção à Europa que mais aumentou no último ano, segundo dados da Frontex, foi a do Mediterrâneo Ocidental - mais do dobro do que em 2017. Nesta rota os principais pontos de partida estão na costa marroquina e é do lado do Atlântico que a pressão tem sido maior, com as redes dominadas por grupos étnicos locais. Tanto o grupo de 23 marroquinos que desembarcaram no Algarve em 2007, como os jovens migrantes do passado dia 11, saíram desta zona - Kenitra e El Jadid - onde estes movimentos cresceram cerca de 40%.
(Notícia atualizada às 12:07 com informação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras).