Persistem preocupantes sinais do nascimento de uma nova ordem mundial..Se Donald Trump ganhar as eleições presidenciais nos Estados Unidos a sua vitória dará um novo fôlego para que uma nova centralidade geopolítica ganhe força e se instale no mundo. A ligação umbilical que Trump tem às ditaduras russa e norte coreana retirará força à Nato e aos países da Europa Ocidental..A recente instalação de soldados norte-coreanos no continente europeu, ainda que em território russo, é um sinal de que o centro nevrálgico do poder político no mundo está a alterar-se. Soldados norte-coreanos na Europa era uma coisa inimaginável décadas atrás. A fraca resposta da Nato e das instâncias europeias deixa no ar um perfume de preocupação a que qualquer democrata que se preze não pode ficar indiferente..A recente reunião dos Brics, com a predominância de uma agenda, fortemente, alinhada aos interesses da Rússia e da China, é mais um sinal do esforço de Pequim e Moscovo no avanço dessa nova ordem mundial. A tentativa de agregar como Estados Parceiros alguns países da América Latina ( Cuba e Bolívia ) ou outros de África (Nigéria e Uganda) ou, finalmente, países que pertenceram ao império soviético como o Uzbequistão e o Cazaquistão, demonstram a preocupação de Putin no objetivo de congregar à sua volta países que possam suportar uma nova ordem mundial..No alinhamento dos objetivos dos Brics, além das prioridades políticas, surge já a futura substituição do sistema de transações internacionais swift como modo de enfraquecer a influência monetária nos Estados Unidos e das conclusões da Conferência de Breton Woods que, em 1944, criou o Banco Mundial e o FMI, troncos centrais da atual rede financeira mundial. A moeda chinesa, o yuan, de aceitação internacional ainda bastante rudimentar, estará destinada na lógica de uma nova ordem mundial a substituir o, ainda, predominante dólar norte americano..Internacionalmente Moscovo não esconde os esforços que faz no sentido de reconquistar a sua influência em países que oscilam entre uma vontade popular de alinhamento ao ocidente e a continuidade política na esfera de Moscovo. É o caso da Geórgia que, recentemente, realizou eleições ganhas pelo partido Sonho Georgiano (SG), próximo de Moscovo, mas cujo resultado eleitoral tem vindo a ser contestado por observadores internacionais e pelos milhares de georgianos que em Tiblissi, capital georgiana, enchem as ruas em protesto contra o resultado das eleições que acusam de ter sido forjado e viciado por iniciativa de Moscovo..Com uma Europa enfraquecida, de que é expoente máximo a estagnação industrial da Alemanha e a situação financeira em França, e os Estados Unidos, politicamente, numa grande indefinição, temos o caldo de cultura preparado para o substancial avanço de uma nova ordem mundial..O resultado das eleições norte-americanas de 5 de Novembro será decisivo para sabermos para onde caminhará o Mundo e que expressão política terá maior influência na condução dos destinos que a todos dizem respeito. Uma eventual vitória de Kamala Harris e dos democratas trará alguns sinais de reforço do Ocidente, da Nato e tornará mais forte a velha aliança entre os Estados Unidos e a Europa..Uma vitória de Donald Trump e entraremos em território desconhecido onde tudo será possível e onde poderemos assistir, seguramente, ao avanço de uma nova ordem mundial com preponderância para Pequim e Moscovo.