Trump: Objetivo Lua

Publicado a

Em setembro de 1962, no seu famoso discurso na Rice University, John F. Kennedy entusiasmava a América com o seu: “Nós escolhemos ir para a Lua! Nós escolhemos ir para a Lua... Nós escolhemos ir para a Lua nesta década e fazer as outras coisas, não porque elas são fáceis, mas porque elas são difíceis.” Ora o presidente democrata, que estabelecera o objetivo de colocar um Homem no satélite da Terra e que falava mais de um ano depois de a União Soviética ter feito História ao fazer de Iuri Gagarin o primeiro homem no espaço, revelava bem a importância da corrida espacial entre as duas grandes potências da Guerra Fria.

Assassinado em novembro de 1963, Kennedy não chegaria a ver Neil Armstrong imortalizar a frase: “É um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade” ao pisar pela primeira vez a superfície lunar naquele 20 de julho de 1969. Nessa altura era o republicano Richard Nixon que ocupava a Casa Branca, tendo conseguido a eleição no ano anterior, depois da derrota em 1960... face a Kennedy. Nixon protagonizou o que o próprio designou como “o telefonema mais histórico alguma vez feito da Casa Branca”, ao ligar para Armstrong e Buzz Aldrin enquanto estes saltitavam pelo Mar da Tranquilidade, antes de voltarem a juntar-se a Michael Collins a bordo da Apollo 11. “Por causa do que vocês fizeram, os céus tornaram-se parte do mundo dos homens, e ao falarem connosco a partir do Mar da Tranquilidade, você inspiram-nos a redobrar os nossos esforços para trazer paz e tranquilidade à Terra”, afirmou então o presidente.

Passados mais de 56 anos sobre o feito da Apollo 11, o fascínio do espaço parece continuar bem presente na Casa Branca. Ainda há dias Donald Trump apresentou a sua estratégia para o espaço. Com a Ordem Executiva Garantir a Superioridade Americana no Espaço, o presidente define algumas prioridades claras: voltar a pôr um Homem na Lua até 2028, colocar reatores nucleares em órbita e desenvolver tecnologias de mísseis que possam ser lançados para o espaço antes do final desta década. Trump, que no primeiro mandato (entre 2017-2021) já havia traçado os seus objetivos para uma nova conquista americana do espaço, apela agora ao Pentágono e às agências de inteligência dos EUA para que criem uma estratégia de segurança espacial. Neste momento, a prioridade é o regresso à Lua até 2028, com o estabelecimento de um “posto avançado lunar permanente” até 2030.

Ora se da década de 60, a grande rival dos EUA era a União Soviética, hoje é a China que quer chegar à Lua até 2030 e construir ali uma central nuclear até 2035. E Donald Trump, apesar dos desafios que enfrenta aqui na Terra - desde a sua declarada guerra ao narcotráfico, que ameaça resvalar para um conflito aberto com a Venezuela, à guerra já em curso na Ucrânia a que Washington procura pôr fim, passando pela divulgação dos ficheiros Epstein - parece empenhado em Fazer o Espaço Grande outra Vez. Ou, citando o título de um dos álbuns de Tintim: Objetivo Lua. E depois, quem sabe, partir à conquista de Marte.

Editora-executiva do Diário de Notícias

Diário de Notícias
www.dn.pt