A presença, e utilização, dos jovens nas redes sociais é um tema delicado e com o condão de dividir a sociedade entre fundamentalistas do “sim” e outros do “não”. Esta semana a Austrália tornou-se um exemplo – para os dois lados da equação – ao colocar em prática a proibição de acesso a redes sociais como o Facebook, Instagram ou TikTok a contas de menores de 16 anos. O argumento do parlamento australiano foi o de que estava a defender o “bem-estar psicológico e social dos menores de idade”. Para o primeiro-ministro do país, Anthony Albanese, graças à proibição, “as crianças terão mais tempo para serem crianças e os pais terão mais tranquilidade”, tendo acrescentado: “Esta lei visa facilitar as conversas com os seus filhos sobre os riscos e danos do uso da Internet.”Neste último ponto julgo que todos aqueles que têm filhos na faixa etária referida concordam: devem os pais alertar os filhos para alguns conteúdos que são divulgados nessas plataformas e que promovem, entre outras, situações de exclusão social, bullying e difusão de ideias extremistas. Mas essa é uma tarefa à qual a família não deve fugir. Deve, sim, contar com o apoio de outras entidades para conseguir mostrar aos adolescentes que esses sites também podem ser aproveitados para aprender. Por exemplo, ouvi no início da semana um professor, num canal televisivo, assumir que era contra esta proibição pois os seus alunos utilizam algumas dessas redes sociais em contexto escolar.Em contraste, ao DN, o médico psiquiatra Gustavo Jesus defendeu que “a ciência comprova que é maléfico que jovens abaixo dos 16 anos tenham acesso pleno a estas plataformas”, salientando que até esta faixa etária o cérebro adolescente “ainda está pouco maduro” e altamente vulnerável. Afetando ainda o sono, pois mesmo à noite estão ligados a essas plataforma, e as relações sociais, acrescento.Portanto, o tema é complexo e ainda vai levar a muita discussão. Porém, há um ponto a favor da proibição de uso de telemóveis nas escolas até ao 6.º ano em vigor no nosso País: segundo o Ministério da Educação, Ciência e Inovação divulgou em julho, no ano letivo passado diminuíram os casos de bullying, indisciplina e confronto físico nos recintos escolares.Na altura, foi uma ótima notícia, mas devemos todos recordar-nos que a Educação e os alertas para os perigos que existem, por exemplo, nas redes sociais não começam (ou são exclusivo) na escola...Editor executivo do Diário de Notícias.Telemóveis, sim ou não? Cada um com a sua verdade