Telemóveis, sim ou não? Cada um com a sua verdade

Publicado a

O uso de telemóveis pelos jovens tem sido nos últimos anos um tema recorrente e com opiniões muito díspares, em alguns casos até radicalizadas. E então quando o tema inclui a escola, o “tom” dessas conversas sobe às vezes em sentido oposto ao que devia ser uma conversa serena sobre os prós e contras de termos alunos, nomeadamente os dos 1.º e 2.º ciclos, com acesso a smartphones quando estão no recinto escolar.

Este assunto faz mesmo parte do programa da AD para as eleições legislativas, com a coligação entre o PSD e o CDS a garantir - dentro do que se pode considerar certeza numa campanha eleitoral - que no caso de serem governo uma das suas decisões na área da educação será a de proibir o uso de telemóveis nos estabelecimentos de ensino pelos estudantes até ao 3.º ciclo. Recordemos que o Ministério da Educação ainda em gestão já tinha decidido que no ano letivo que está a decorrer os diretores das escolas/agrupamentos podiam aplicar a recomendação de proibir “o uso e/ou a entrada de smartphones nos espaços escolares”, como está previsto no plano “Aprender mais agora”.

Nesta atualização, a ideia é a de proibir mesmo os telefones nas escolas até ao 3.º ciclo (7.º ao 9.º ano).

É verdade que não há consenso sobre o tema: há quem veja vantagens devido à possibilidade de poderem ser utilizados como recursos didáticos, na realidade há escolas em que os dados móveis que os pais pagam ajudam nas pesquisas para algumas disciplinas; mas também existe quem diga que os smartphones dificultam a socialização pois os miúdos em vez de brincarem ou falarem uns com os outros estão “agarrados” aos ecrãs.

Provavelmente, todos têm uma parte de razão e, por isso, o bom senso deveria imperar, quem sabe se criando condições para que esses aparelhos fiquem em algum sítio enquanto o aluno está no espaço escolar.

Mais preocupante, parece-me, é a forma como muitos estudantes não sabem relacionar-se com os outros, como humilham os colegas, como são mal educados, incluindo ou principalmente com os professores, e sem interesse pela escola, cujos programas e formas de ensinar também deviam ser atualizados. É que mais importante que ter ou não o telemóvel por perto talvez seja aprender a respeitar o outro. E isso não se aprende com decretos leis ou programa eleitorais. Mas sim com educação. E talvez, como ouvi recentemente o psicólogo espanhol Javier Urra dizer, com uma reflexão sobre que Sociedade/jovens estamos a criar. Em casa e fora dela...

Editor executivo do Diário de Notícias

Diário de Notícias
www.dn.pt