Problemas com as contas na Educação, Justiça em marcha lenta e desfaçatez de uns rapazes mal comportados que não aprenderam nada com exemplos anteriores (incluindo deles próprios).Estes são exemplos de "Histórias entre os dias" que fazem com que se vá perdendo a confiança nas instituições e nas regras que todos devíamos cumprir.Comecemos pela Educação. Nos dias anteriores ao arranque das aulas (15 de setembro), o ministro responsável pela pasta garantiu que 98% das escolas tinham todos os professores colocados. O que só por si poderia ser considerada uma ótima notícia, principalmente porque todos nos lembramos das dificuldades em colocar docentes sentidas no ano letivo anterior.No entanto, bastaram sete dias para se "cair na realidade" e foi o próprio ministério a contrariar o otimismo de Fernando Alexandre. Afinal, a 22 de setembro, 78% das escolas públicas tinham falta de professores e, destas, 38 tinham mais de dez horários em aberto. Feitas as contas só 22% das escolas e que têm todos os docentes.E ontem, no debate na Assembleia da República com o primeiro-ministro Luís Montenegro ficámos a saber que ainda há 100 mil alunos sem pelo menos um professor. Será caso para dizer que a Matemática e a realidade estão "um pouco" afastadas das certezas de quem tutela o setor.O segundo tema está relacionado com a notícia sobre a libertação de seis detidos acusados de fazerem parte de uma rede internacional de tráfico de droga quando o julgamento estava a começar. E a razão foi simples: excesso de prisão preventiva. Ou seja, o grupo foi detido em março de 2023 e a sua primeira presença em tribunal agendada para o final da semana passada. Ou seja, cerca de 30 meses após a detenção. Esta demora e a sua consequência teve como resultado que três dos arguidos - um esloveno e dois brasileiros, estes suspeitos de pertencerem ao grupo criminoso Primeiro Comando da Capital - não comparecessem à sessão que teve lugar na passada segunda-feira (dia 22), suspeitando-se, segundo as notícias divulgadas, que já não estivessem em Portugal.Mas, só para vermos a "mão dura" da justiça, aos acusados que faltaram foi aplicada uma coima de 204 euros a cada, como está previsto na lei. Tenho para mim que o Estado não vai receber este dinheiro.Para terminar, referência à pouca vergonha que alguns adeptos de futebol têm: na segunda-feira, o Sporting recebeu o Moreirense e numa das bancadas apareceu, acompanhada pelos barulho e fumo de tochas, uma faixa onde se lia we are back (estamos de volta). Ficámos todos a saber que os apoiantes do clube que estavam há dois anos proibidos de entrar no estádio na sequência do julgamento relacionado com o ataque à academia leonina, a 15 de maio de 2018, voltaram ao recinto.Pela amostra do primeiro dia, tenho dúvidas de que alguém tivesse saudades...Editor-executivo do Diário de Notícias