Tudo certo. Boa noite.” Estas foram as últimas palavras do piloto do voo MH370 da Malaysia Airlines. Logo depois, o sistema de comunicação ACARS, que emite sinais para o controlo de voo, era desligado. Estávamos a 8 de março de 2014 quando o aparelho, um Boeing 777 da companhia aérea malaia, desapareceu dos radares pouco após descolar de Kuala Lumpur com destino a Pequim com 239 pessoas a bordo. Passados mais de 11 anos, a Malásia anunciou agora a retoma das buscas pelo MH370: “A Ocean Infinity e o Governo da Malásia confirmam que iniciarão a 30 de dezembro as operações de busca por um total de 55 dias, de forma intermitente.”A Ocean Infinity é uma empresa de robótica e exploração do fundo do mar com sede nos EUA e Reino Unido, que há anos colabora na busca do avião. Depois de Malásia, China e Austrália terem realizado uma busca conjunta em cerca de 120.000 km2 no Índico, que encerraram em janeiro de 2017 sem terem encontrado o MH370, a Ocean Infinity também tentou localizar o avião numa área de 100.000 km2 entre janeiro e junho de 2018, sem sucesso. Em abril passado, as buscas foram suspensas por “não ser a época”, mas as autoridades malaias e a Ocean Infinity retomam-nas agora no que identificaram como uma “área específica com maior probabilidade de localização da aeronave.”Nestes 11 anos, foram encontrados alguns destroços do MH370, mas o paradeiro do avião continua incerto. Na altura, Kuala Lumpur disse que teria caído no Índico, mas a falta de respostas alimenta as teorias sobre o seu destino - umas mais credíveis que outras. Desde que o piloto se teria suicidado, a um sequestro pela Coreia do Norte ou ao seu abate - intencional ou não - por um míssil. Esta hipótese ganhou força quando em julho do mesmo ano outro avião da Malaysia Airlines, o MH17, foi abatido por um míssil sobre a Ucrânia, matando as 298 pessoas a bordo.Desaparecimentos de aviões são tudo menos novos. Sejam as aeronaves “engolidas” pelo Triângulo das Bermudas - como os cinco aviões da marinha dos EUA que em 1945 saíram da Florida para um voo de treino. Hora e meia depois, os pilotos relataram problemas de desorientação. Desapareceram e nunca foram achados, tal como o avião enviado para os procurar - ou o avião de Amelia Earhart, a pioneira da aviação, que em 1937 desapareceu no Pacífico.Mas acreditar que em pleno século XXI, com toda a tecnologia disponível, não se consiga encontrar um Boeing 777 parece coisa de filme. Resta esperar que estas novas buscas sejam mais bem sucedidas do que todas as anteriores e que as famílias das 239 pessoas a bordo consigam finalmente o sossego que merecem.Editora-executiva do Diário de Notícias