Ao serviço do sr. presidente

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Em setembro de 2019 George Glass rebatizou a residência oficial do embaixador dos Estados Unidos, na Lapa, de Casa Carlucci. Uma homenagem do homem escolhido por Donald Trump para ser a voz e o rosto da América em Portugal ao mais famoso dos antecessores, Frank Carlucci, que naquele edifício, numa varanda com vista para o Tejo, se reuniu com figuras como Mário Soares, para assegurar que o país, saído da Revolução de 1974, se consolidava como democracia e ficava ao lado dos Estados Unidos.

Passados cinco anos, e quase quatro após ter deixado Portugal, ficamos a saber que Glass, empresário do Oregon, devoto de Fátima e apreciador de futebol americano, que se destacou no nosso país pelas críticas ao investimento chinês e por tentar que as autoridades portuguesas evitassem maior influência de Pequim, fosse no Porto de Sines ou no 5G, lembrando que é preciso escolher entre os Estados Unidos e a China, é agora o nomeado de Trump para embaixador no Japão. Por cá, deixou essa imagem de falcão anti-China, mas também o sentido de humor de quem tinha à entrada da residência oficial um mealheiro amarelo em forma de cabeça de Trump, da autoria do artista americano Jeff Koons.

Ora Glass não só veio com a etiqueta de ser “o embaixador de Trump”, como teve a difícil tarefa de suceder em Lisboa ao muito popular Robert Sherman. Segundo nomeado do presidente Barack Obama, o advogado de Boston ganhou fama quando no Euro2016 publicou nas redes sociais vídeos de apoio à nossa seleção, vestido com as cores nacionais. E até esteve com o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa na final em Paris, onde viu Portugal sagrar-se campeão.

Sendo Lisboa um posto onde tradicionalmente o embaixador é de nomeação política, antes de Sherman, Obama nomeara o também advogado Allan Katz. E de tal forma se apaixonou pelo país que ainda hoje passa por cá boa parte do ano. 

Quem também vai manter  ligação a Portugal é Randi Charno Levine. A embaixadora nomeada por Joe Biden já anunciou que sai a 19 de janeiro, véspera da posse de Trump, mas fica como professora honorária na Católica. Mulher das Artes, Levine não esconde a paixão pela cultura portuguesa e foi nessa área que deixou marca, por exemplo com o L’USAfonia, concerto que juntou músicos luso-africanos e música americana.  

Em duas décadas como jornalista tive oportunidade de conhecer vários embaixadores americanos que passaram por Lisboa. Personalidades diferentes, refletindo as várias Américas e também os presidentes que os nomearam. Mas duas coisas os unem: apesar da falta de experiência como diplomatas, todos se empenharam em ser bons embaixadores do seu país e todos levam com eles o amor a Portugal. Vamos ver se o mesmo acontece com John Arrigo, o empresário do automóvel que Trump agora nomeou embaixador em Lisboa.

Editora-executiva do Diário de Notícias 

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