Cibersegurança: "Estamos na III Guerra Mundial" e a tecnologia "está em todos os aspetos da nossa vida"
Daniel Bren acredita que "estamos a viver na III Guerra Mundial", sendo que o que mudou "tremendamente" em relação às guerras de há 100 anos foi "o envolvimento da tecnologia em todos os aspetos da nossa existência". E avisa que "estamos sem tempo" e é preciso "ação".
Para o CEO da Armis/Otrio, empresa especializada em cibersegurança, a III Guerra Mundial decorre em três arenas distintas: Rússia/Ucrânia, Médio Oriente e China/Taiwan.
"Se há dois séculos, as guerras eram sobre religião, e há cem anos, eram sobre nacionalismo e economia, hoje temos uma perigosa interligação disso tudo. Estamos no fim da velha ordem e precisamos de perceber isso agora", defendeu o especialista de cibersegurança que foi um dos keynote speakers da Grande Conferência DN sobre Defesa.
Daniel Bren está agora à frente da Armis/Otrio, mas no currículo tem 32 anos nas Forças de Defesa de Israel, tendo ajudado a criar e sido o primeiro comandante do Comando de Ciberdefesa Israelita.
A grande diferença entre os conflitos do passado e os atuais prende-se com a tecnologia, que entretanto domina as nossas vidas. "Isso traz benefícios, mas também alguns desafios", alerta, lembrando que aquilo que vemos é só a ponta do icebergue do que um conflito agora implica.
"Como introduzimos a tecnologia em cada aspeto das nossas vidas e esta está basicamente a empurrar a nossa economia", referiu, basicamente estamos a por o mundo da "ciberfísica" para o centro do combate.
Daniel Bren deu exemplos dos primeiros programas de computador feitos para terem impacto no mundo físico, incluindo causando mortes.
Em relação à Inteligência Artificial, o especialista fala numa "revolução que até nós, as pessoas da tecnologia, não conseguem entender" a 100%. Nomeadamente as consequências que poderá ter. "Não é um aviso contra a alavancagem da IA, é uma declaração de que precisamos de ser muito cautelosos e ter consciência sobre isso", referiu.
Daniel Bren avisa que as infraestruturas críticas já não são a rede elétrica, por exemplo, são todos os aspetos da economia moderna.
Defendeu por isso a necessidade de construir uma soberania digital, além da soberania em questões de segurança. É preciso ver a questão a 100% (e não só a ponta do icebergue) e saber onde focar os recursos que são limitados. Depois, "esta é uma era onde precisamos de ser proativos e não reativos", pelo que é preciso estar preparados para o que aí vem.
Daniel Bren defendeu que "não temos tempo" e "se nos preparamos antecipadamente, então durante o conflito não seremos surpreendidos".
Disse ainda que temos que pensar em proteção, mas ao mesmo tempo, planear para "remediar" a situação. "É preciso ter planos para que todos saibam como operar."
Para terminar, defendeu que é preciso ação. "Segurança digital e segurança e soberania requerem ação. E agora é tempo de agir."