Redução de mortes em Espanha e Itália mostra que há luz ao fundo do túnel?

Os mais recentes números dão conta de uma diminuição no número de vitimas mortais de covid-19 quer em Espanha quer em Itália. Apesar das boas notícias, as autoridades dos dois países mostram-se cautelosas e sublinham a importância de continuarem as medidas de isolamento.
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Quer Espanha quer Itália viram o número de mortes por covid-19 diminuir durante este fim de semana. Os novos dados dão a atender que a curva de evolução do novo coronavírus está a ficar mais plana em ambos os países. Contudo, as autoridades afirmam que vão continuar com as medidas de isolamento social. Espanha vai apostar em testes para conhecer o número de cidadãos imunes ao vírus, uma medida também já prevista em Portugal, enquanto Itália estendeu o período de confinamento até 13 de abril.

De acordo com o boletim informativo do Ministério da Saúde espanhol, revelado este domingo, foram confirmados 6023 novos infetados, o número mais baixo desde 22 de março. O país registou, nas últimas 24 horas, 674 mortes, o terceiro dia consecutivo de redução, alcançando um total de 12 418 vítimas mortais, segundo a última atualização das autoridades sanitárias. Foi igualmente confirmada a desaceleração do ritmo de progresso da pandemia, sendo agora 130 759 o total de contagiados. Contudo, apesar dos novos números, existe muita cautela por parte das autoridades espanholas.

María José Sierra, do Centro de coordenação de alertas e emergências de Saúde, sublinhou este domingo os grandes esforços que o sistema de saúde e os seus profissionais estão a fazer para "aumentar de forma impressionante o tratamento das pessoas que estão nos cuidados intensivos", disse em declarações ao ElPaís.

Mas a análise dos números de Espanha deve ser feita com cuidado, refere o jornal espanhol, indicando que durante toda a crise os relatórios de fim de semanal têm apresentado uma diminuição de todos os indicadores relativos quer ao número de infetados como de mortes devido ao covid-19.

Segundo o jornal espanhol, a informação prestada pelo ministério da saúde espanhol pode estar exagerada, sobretudo devido a um maior numero de internamentos nas urgências e à moderação das idas ao hospital. Para lá das eventuais distorções do fim de semana, o número é consistente com uma diminuição sustentada nos últimos dias e, em termos relativos (casos detetados em um dia em relação ao total), vem diminuindo constantemente há quase duas semanas.

María José Sierra explicou que esta nova tendência reflete a consequência de três semanas de distanciamento social, não deixando de alertar que há que analisar os números depois do fim de semana. "Em qualquer caso há a sensação de que o esforço começa a ser refletido nos dados", disse.

Sierra indicou ainda, na conferência de imprensa deste domingo, que está a ser preparado um estudo para descobrir o número de espanhóis imunizados face ao covid-19, que será realizado através de testes para analisar os anticorpos. A responsável indicou ainda um estudo feito pelo Imperial College de Londres que estima que 15% da população espanhola, cerca de sete milhões de pessoas, está já imunizada ao novo coronavírus, mas os novos testes podem atualizar este número.

Itália: menos mortos mas o confinamento é para continuar

Itália registou o menor número de mortes pelo novo coronavírus em duas semanas. E viu o número de doentes nos cuidados intensivos também diminuir pelo segundo dia consecutivo. Foram 525 as mortes por covid-19 reportadas este domingo pelo proteção civil italiana, o número mais baixo desde 19 de março (427 mortos).

"São boas notícias, mas não devemos baixar a guarda", disse o chefe do serviço de proteção civil Angelo Borrelli, citado pela France- Presse (AFP). Os responsáveis informaram que existe uma primeira diminuição no número de infetados não críticos e que estão a receber atendimento hospitalar. De 29.010 no sábado passou para 28 949 este domingo. Também o número de pacientes críticos caiu de 3994 no sábado para 3977 no domingo - o segundo declínio sucessivo.

Não é uma inversão de marcha, mas certamente uma primeira mudança de ritmo após as subidas dos últimos cinco dias. E pela primeira vez, a tendência de crescimento cai para 3,5%. O número de pessoas que atualmente vivem em Itália com o vírus é mais ou menos estável, indicam os dados italianos: hoje, são 2972 a mais, aumentando ligeiramente em comparação com as 24 horas anteriores.

Tudo isso enquanto a Toscana segue o exemplo da Lombardia (onde o uso de máscaras passou a ser obrigatório), recomendado máscaras ou lenços para todos que saem à rua. Ao mesmo tempo, o departamento de segurança pública está a preparar um plano para a época da Páscoa, estabelecendo postos de controlo próximos às áreas de serviço das autoestradas e nas principais estradas nacionais.

Só neste sábado o país registou um recorde de 9.348 multas por infração às regras de confinamento, o número mais elevado desde que começaram a ser aplicadas multas, a 26 de março, anunciou o Ministério do Interior italiano.

Ainda antes dos novos números serem conhecidos, medidas como o uso de máscara generalizado, uma aplicação de rastreio, a multiplicação dos testes de diagnóstico e a assistência especializada ao domicílio foram evocadas este domingo pelo ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza.

Speranza indicou que o país se prepara para um levantamento "gradual e controlado" das restrições, pois, referiu, o país parece ter atingido "o planalto" da curva de propagação do novo coronavírus. Mas o ministro da saúde advertiu também que falta ainda muito para um regresso à normalidade.

Apesar desta evolução, a população "não pode baixar a guarda" e deve continuar a respeitar as medidas de confinamento, que "não podem ser aliviadas de momento", disse esta semana o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, ao anunciar o prolongamento do confinamento até 13 de abril.

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