Rastreados 687 milhões de substâncias em busca de armas contra o coronavírus
Numa corrida contra o tempo, numa altura em que a epidemia alastra rapidamente pelo mundo e os governos e autoridades de saúde vão impondo medidas restritivas, com quarentenas, espaços públicos fechados e eventos e atividades cancelados para tentar conter a progressão da doença, os cientistas estão em busca de armas para combater o novo vírus para qual não existe ainda nenhuma vacina ou tratamento específico.
Nesta frente, um grupo do laboratório de Farmácia Computacional da Universidade de Basileia, na Suíça, concluiu em poucas semanas o rastreio digital de um total de 687 milhões de moléculas, em busca de uma arma terapêutica contra o Sars-cov-2.
Liderada por André Fischer, a equipa conseguiu assim identificar um total de 11 substâncias com potencial para inibir a ação de uma proteína-chave do vírus que lhe é essencial para a sua própria replicação no organismo humano.
Apesar da semelhança do novo vírus com o Sars-cov-1, o "primo" que entre 2002 e 2004 provocou uma infeção respiratória aguda, e que a Organização Mundial de Saúde classificou na altura como pandemia (registaram-se em 26 países quase oito mil casos, dos quais mais de 700 foram mortais), as tentativas então realizadas para o desenvolvimento de vacina ou de medicamentos específicos, acabaram por não chegar a bom porto.
"Mantém-se, por isso, a necessidade urgente de desenvolver terapêuticas antivirais específicas para vencer o Sars-cov-2", escrevem os autores no artigo que publicaram na plataforma aberta ChemRxiv, uma de várias onde têm saído dezenas de estudos sobre os mais diversos aspetos do novo vírus e da infeção respiratória aguda que ele provoca.
Os investigadores da Suíça, um país também já afetado pela epidemia, com mais de 500 casos, dos quais 123 foram registados esta terça-feira, sublinham que o seu trabalho representa o maior rastreio digital até à data relacionado com o Sars-cov-2, do qual resultou a identificação de 11 moléculas com potencial para travar a replicação do vírus.
A equipa fez questão de disponibilizar os seus resultados à comunidade científica, publicando-os de imediato, na esperança de que aqueles compostos agora identificados possam ser testados por outros grupos e laboratórios, com vista ao desenvolvimento de futuros medicamentos para o novo coronavírus.