Atribuição de Nobel da Paz a Liu Xiaobo foi blasfémia, diz governo chinês
"O Nobel da Paz foi blasfemado", disse o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros
Pequim afirmou hoje que a atribuição do Nobel da Paz em 2010 a Liu Xiaobo, dissidente chinês que morreu na quinta-feira, vítima de um cancro e sob custódia da polícia, foi uma blasfémia.
"Atribuir a distinção a tal pessoa contraria o propósito deste prémio. O Nobel da Paz foi blasfemado", acusou o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Geng Shuang, em conferência de imprensa.
Vários países criticaram Pequim pela morte do dissidente, depois de se terem oferecido para dar tratamento médico a Liu.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
O mais conhecido ativista chinês a favor da democracia morreu aos 61 anos, enquanto cumpria uma pena de 11 anos de prisão por subversão contra o Estado.
Geng revelou que Pequim protestou junto dos Estados Unidos e do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU, pelos "comentários irresponsáveis" sobre a morte do dissidente.
EUA e União Europeia apelam agora ao Governo chinês para que liberte a viúva do dissidente, Liu Xia, que está sob prisão domiciliária desde 2010.
O porta-voz chinês não descartou que esta possa ser autorizada a viajar para fora do país.
Entretanto, o ex-presidente do Comité Nobel da Noruega Thorbjørn Jagland justificou hoje a atribuição do Nobel a Liu Xiaobo.
"A luta pelos direitos humanos contribui para a paz" afirmou Jagland, através da rede social Twitter. "E por isso a comissão que presidiu deu o premio da paz a Liu Xiaobo", acrescentou.
Durante a cerimónia em Oslo, em 2010, a cadeira reservada a Liu, que já se encontrava preso, permaneceu vazia.
Liu foi o segundo Nobel da Paz a morrer na prisão. O primeiro, Carl von Ossietzky, morreu de tuberculose, na Alemanha, em 1938, enquanto cumpria uma pena por se opor ao regime nazi de Adolf Hitler.