Muçulmanas desafiam proibição e saltam para a piscina em burkini
Em França, um grupo de mulheres muçulmanas surpreenderam os responsáveis de uma piscina pública, em Grenoble, vestindo os seus burkinis e saltando para a água, contrariando as regras impostas
"Devemos lutar contra políticas discriminatórias e preconceitos na França, já que estamos realmente privados de nossos direitos civis de acesso a serviços públicos e infraestruturas de propriedade da cidade", explicou à BBC uma das mulheres envolvidas no protesto, organizado pela Aliança dos Cidadãos, um grupo de Grenoble, sudoeste de França que luta contra a discriminação da comunidade islâmica.
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Este domingo, um grupo de muçulmanas surpreendeu os responsáveis de uma piscina pública quando mergulhou vestido com burkinis, vestuário que, tal como noutras regiões francesas, é proibido naquele local.
Depois de mudar para burkinis - que sintetiza a tradicional burka e biquini - o grupo foi informado pelos salva-vidas que seus trajes de banho não eram permitidos. Apesar disso, as mulheres entraram na piscina e tomaram banho, cerca de uma hora, acompanhadas com membros da comunidade local, muitos dos quais aplaudiram as muçulmanas.
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As mulheres foram multadas em 40 euros, depois de identificadas pela polícia.
"Temos um sonho: divertir-se em piscinas públicas, como todos os outros cidadãos, para acompanhar os nossos filhos sempre que quiserem nadar enquanto faz muito calor no verão em Grenoble", sublinhou Latifa, uma das ativistas.
A designada "Operação Burkini" foi lançada no mês passado por membros do grupo Aliança dos Cidadãos de Grenoble, para defender o que dizem ser o direito das mulheres muçulmanas.
Muitas pessoas no país consideram este fato de banho como um símbolo do islamismo político e incompatível com o secularismo, permanecendo o seu uso polémico no país, com autoridades de várias cidades a proibirem o seu uso. Em 2010, a França tornou-se o primeiro país europeu a proibir o véu integral em público.
Este protesto de Grenoble foi inspirado na pioneira dos direitos civis dos EUA, Rosa Parks, presa por se recusar a desistir de seu assento para passageiros brancos em Montgomery, Alabama, em 1955.
"O Islão político está avançando passo a passo e a causa das mulheres recuando", comentou Matthieu Chamussy, membro do partido de centro-direita "Os Republicanos", fundado em 2015 por Nicolas Sarkozy, ex-presidente francês.