Maioria de novos casos de covid-19 na China são importados da Rússia
Uma leva de cidadãos chineses que regressaram da Rússia parece estar na origem do boom de novas infeções no país - a maioria registada em regiões fronteiriças.
Esta segunda-feira foram registados 108 novos casos na China continental, um novo recorde de casos desde 5 de março, quando o país registou 143 infeções. A Comissão Nacional de Saúde chinesa disse que 98 dos novos casos foram importados.
A esmagadora maioria corresponde a cidadãos chineses que queriam regressar à terra natal depois de a China ter anunciado que iria limitar os voos dentro e fora do país.
Um voo da Aeroflot partiu de Moscovo para Xangai no dia 10 de abril com 60 pessoas que acusaram positivo no teste de covid-19. Todos os passageiros desse avião foram forçados a entrar em quarentena pelo governo.
O voo chegou poucos dias depois da China ter anunciado que a partir de hoje, segunda-feira, entravam em vigor fortes restrições à circulação aérea.
Os chineses que tentavam regressar tentaram passar a fronteira por via terrestre em Suifenhe, uma pequena cidade do outro lado de Primorsky Krai, no Extremo Oriente da Rússia.
Muitos chineses que tentam fugir da Rússia voaram também de Moscovo para Vladivostok - uma cidade portuária russa, junto à fronteira com a China e a Coreia do Norte.
O consulado chinês em Vladivostok disse num comunicado divulgado no domingo que 243 cidadãos chineses infetados com o novo coronavírus já tinham cruzado a fronteira.
O aparecimento de tantos novos casos nas regiões fronteiriças levou o governo local a abrir um hospital temporário.
A província de Heilongjiang, no nordeste da China, que faz fronteira com a Rússia, é agora o novo campo de batalha contra o coronavírus, já que as autoridades relataram o maior número de novos casos diários em quase seis semanas - a grande maioria casos importados.
Um total de 49 cidadãos chineses que entraram na província, oriundos da Rússia, acusaram positivo no teste à doença.
As cidades chinesas mais próximas da fronteira com a Rússia estão a reforçar os controlos fronteiriços e a impor quarentenas mais rigorosas.
Na semana passada, Suifenhe anunciou restrições semelhantes às que foram impostas em Wuhan - o epicentro do surto de covid-19. A rota terrestre pela cidade tornara-se uma das poucas opções disponíveis para os chineses que tentavam entrar na China depois da Rússia ter cancelado todos os voos para o país.
Suifenhe e Harbin, capital de Heilongjiang, agora exigem 28 dias de quarentena para todas as chegadas do exterior, bem como testes de ácido nucleico e de anticorpos (PCR).
A Rússia fechou as fronteiras com a China em janeiro, na esperança de impedir a propagação da pandemia, mas só conseguiu adiar o número de casos que agora explodem no país.
Esta segunda-feira, a Rússia regista quase 16.000 casos e pelo menos 130 mortes devido à doença.