Macron: "A república não vai apagar ninguém da história"

No dia em que anuncia a terceira fase do desconfinamento, com a reabertura de cafés e restaurantes na região de Paris e escolas em todo o país, o presidente francês garante que a história não vai ser reescrita.

A mensagem aos franceses tinha como tema a crise sanitária e económica daí resultante, mas a atualidade não foi esquecida. Emmanuel Macron prometeu redobrar o combate ao racismo e à discriminação, mas sem ceder nos princípios da república.

"Seremos intransigentes para com o racismo, o antissemitismo e a discriminação. Mas a república não apagará nenhum nome, nenhum vestígio da sua história, não retirará nenhuma estátua", garantiu.

Fez um apelo à união "em torno do patriotismo republicano" e à calma e à lucidez no debate: "Não construiremos o nosso futuro em desordem." Macron aproveitou para elogiar as forças policiais.

Ainda sobre o racismo, Macron, que rejeitou o comunitarismo como solução vai anunciar em breve "novas e fortes decisões para a igualdade de oportunidades", tendo referido que não pode ser o apelido, o endereço ou a cor da pele um fator discriminatório.

Anunciou também um "investimento maciço na educação, na formação e no emprego dos jovens", a quem os franceses, afirmou, estão em dívida. "Exigimos tanto deles durante este período. É a juventude que carrega a dívida ecológica e fiscal do nosso país."

A reorganização do estado também foi objeto de menção, tendo anunciado "mais descentralização".

Sobre o relançamento da economia, Macron lembrou que esta acontecerá em harmonia com a União Europeia, para a construção de um bloco independente "face á China e aos Estados Unidos".

"A nossa primeira prioridade é, desde logo, reconstruir uma economia forte, ecológica, soberana e solidária",

Macron aproveitou para elogiar a ação do governo durante a crise e afirmou que foram mobilizados "quase 500 mil milhões de euros para manter a economia, o que é sem precedentes". Deu garantias de que esta dívida não vai ser saldada através de impostos.

"No dia 16 de março fizemos a escolha humanista de escolher a vida em vez da economia", lembrou, razão pela qual "dezenas de milhares de vidas foram salvas".

Em julho, o presidente fará uma nova alocução aos franceses para apresentar em pormenor uma nova etapa do mandato de cinco anos.

Desconfinamento (quase) total

"A partir de amanhã todos os territórios franceses estão em 'zona verde'", começou por anunciar o presidente francês, que voltou a dirigir-se aos compatriotas para falar sobre os efeitos da pandemia.

"A luta contra a epidemia ainda não terminou, mas obtivemos uma primeira vitória contra o vírus", disse.

Em consequência, o presidente disse que os cafés e restaurantes reabrem já na segunda-feira na Île-de-France (a região de Paris). Até agora só os estabelecimentos com esplanadas podiam estar abertos.

Os cidadãos franceses também já podem deslocar-se para outros países europeus e, a partir de 1 de julho, para alguns países extra-europeus.

À exceção dos territórios ultramarinos de Mayotte e da Guiana, "onde o vírus ainda circula ativamente", o país prepara-se para reabrir todos os infantários e escolas no dia 22.

Também possibilita as visitas, sob autorização, aos lares de idosos.

A segunda volta das eleições municipais, que ficou em suspenso, está agora marcado para dia 28.

"O verão de 2020 não será como os outros", reconheceu Macron, tendo alertado que as regras de distanciamento social continuam a aplicar-se.

França regista 156.813 casos de covid-19, entre os quais morreram 29.398 pessoas.

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