O julgamento da diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, acusada de ter permitido "por negligência" o desvio de 400 milhões de euros de dinheiro público quando era ministra da Economia em França entre 2007 e 2011, começou hoje em Paris.."Não pretendo ficar calada", afirmou Lagarde, de 60 anos, à presidente do tribunal, Martine Ract Madoux, que lhe recordou o seu direito ao silêncio na abertura dos trabalhos..De casaco escuro e lenço colorido, a ex-ministra francesa entrou sorridente pouco antes das 13:00 locais (mesma hora em Lisboa) numa das mais imponentes salas do Palácio da Justiça de Paris..O tribunal recordou que Christine Lagarde está acusada de ter criado um "processo de decisão unilateral e fechado sobre si mesmo" em torno da arbitragem que permitiu a Bernard Tapie, homem de negócios e antigo ministro de esquerda francês, arrecadar mais de 400 milhões de euros em 2008..Lagarde arrisca-se a uma pena de prisão de até um ano e a uma pena de multa de 15.000 euros, num processo que deve prosseguir até 20 de dezembro..[youtube:AjRJaDJRfP4].A agora diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) está a ser julgada no Tribunal de Justiça da República (CJR na sigla em francês), uma jurisdição híbrida (semi-política e semi-judicial) criada especialmente para julgar ministros e antigos ministros por erros cometidos durante o exercício das suas funções..A antiga ministra francesa da Economia e Finanças no governo do presidente de direita Nicolas Sarkozy foi acusada de "negligência" num regulamento de arbitragem num velho conflito entre Bernard Tapie e o antigo banco público Crédit Lyonnais relativamente à compra de equipamento desportivo no início dos anos 1990..Para terminar este contencioso, o Ministério da Economia escolheu em 2007, contra o parecer de um órgão consultivo, recorrer a uma arbitragem privada..Os três juízes arbitrais acordaram no ano seguinte dar 404 milhões de euros de dinheiros públicos a Bernard Tapie, uma decisão que foi anulada no início de 2015, com a justiça civil a considerar que foi uma fraude e determinando a devolução desta quantia ao Estado francês..[artigo:5385821]