Detida jovem advogada que lidera protestos contra Putin

Lyubov Sobol, de 31 anos, está há três semanas em greve de fome para protestar contra o facto de os candidatos da oposição estarem impedidos de participar nas eleições locais de setembro em Moscovo. Este sábado voltou a ser interpelada pelas autoridades durante protestos na capital russa
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Manifestações anti-Putin são esperadas novamente este sábado em Moscovo, depois de na semana passada a polícia russa ter reprimido os protestos, por vezes com violência, tendo interpelado mais de mil pessoas. 88 pessoas estão detidas pela participação nas manifestações da semana passada, 332 foram multadas e cerca de mil enfrentam acusações, segundo informações de um tribunal de Moscovo citadas pela agência noticiosa Reuters.

Em causa está a revolta da população contra o facto de políticas da oposição terem sido proibidos de participar nas eleições locais de setembro em Moscovo. Apesar de local, o escrutínio é visto como antecâmara das legislativas, que são em 2021. Alexei Navalny, de 43 anos, é o opositor mais conhecido do regime russo. Foi condenado a 30 dias de prisão. Mas há outro rosto, feminino, por detrás dos manifestantes que exigem eleições justas e livres na capital russa: Lyubov Sobol de 31 anos, advogada conhecida pelo combate à corrupção e aliada do partido de Navalny Rússia do Futuro. Esta foi interpelada pelas autoridades russas este sábado antes de uma nova manifestação. Segundo a BBC, seguia num táxi quando foi intercetada pelas autoridades e arrastada para uma carrinha preta.

"Isto não ficará resolvido enquanto não perceberem que as pessoas estão a exigir uma representação política que tenha em conta as suas opiniões e vontades e estas pessoas não vão desaparecer", dissera Sobol, numa entrevista à Reuters. A ativista encontra-se há já três semanas em greve de fome para exigir a sua participação nas eleições locais de setembro. "Eles ignoram os nossos apelos então é preciso usar formas de combate mais radicais", afirmara, à BBC, no escritório do centro da capital russa em que está acampada há vários dias em protesto.

"Penso que a greve de fome é uma forma de fazer pressão. Claro que Putin acha que isto é chantagem e não cederá. Mas é a minha forma de defender os meus direitos", declarou a advogada àquela televisão britânica, depois de ter visto as candidaturas de candidatos da oposição rejeitadas com o argumento de que muitas assinaturas são inválidas.

Perante os protestos, o atual presidente da Câmara de Moscovo, Sergei Sobyanin, aliado de Vladimir Putin, avisou que não vai permitir que a capital russa se transforme na capital da anarquia. "Este levantamento em massa foi premeditado e muito bem preparado. Estavam a tentar bloquear estradas e atacar a polícia. Levaram a polícia a usar a força. E isso foi totalmente apropriado para a situação que estava em causa".

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