Telemóveis banidos nas escolas francesas
No próximo ano letivo as crianças francesas não vão poder levar os telemóveis para a escola. A "interdição efetiva" foi hoje aprovada pela Assembleia Nacional e abrange o ensino básico e secundário, avança o jornal Libération. O Governo francês defende a medida como sendo "um sinal para a sociedade".
A proposta de lei foi aprovada com os votos a favor dos eleitos do La République en Marche (LRM), do presidente Emmanuel Macron, do MoDem e do UDI. Os restantes partidos consideraram que a proposta do Governo é "inútil", um "embuste" e "uma simples operação de comunicação".
O ministro da Educação francês, Jean-Michel Blanquer, fala numa "medida de desintoxicação" para combater a distração nas salas de aulas e o bullying.
Segundo os defensores da lei, o uso de telemóveis entre as crianças e jovens tem aumentando os casos de cyber-bullying, facilitou o acesso à pornografia e dificultou a capacidade dos jovens de interagir socialmente. O ministro da justiça justifica ainda a medida com o aumento dos roubos de telemóveis, extorsão e obsessão com as marcas da moda.
Para o sindicato dos diretores de escolas, Philippe Vincent, a medida não implica uma grande mudança, já que metade das escolas já proíbem o uso do telemóvel nas aulas ou na totalidade ou parte do tempo de recreio.
A nova lei deixa às escolas a decisão sobre como querem aplicar a proibição, podendo numa versão mais simples implicar que os telemóveis são colocados em bolsas específicas dentro das mochilas para permitir o acesso em caso de emergência ou para uso pedagógico, nas aulas. Mas há também a versão mais extrema, de os proibir totalmente na escola, sob pena de sanções.
Mais de 90% das crianças com mais de 12 anos têm telemóvel em França, segundo a proposta de lei. O debate em França tem gerado discussão noutros países, como Reino Unido ou Irlanda.
"Os telemóveis são um avanço tecnológico, mas não podem monopolizar as nossas vidas", afirmou Blanquer, à estação de televisão LCI (La Chaîne Info). "Não podes encontrar o teu caminho num mundo de tecnologia se não sabes ler, escrever, contar, respeitar os outros e trabalhar em equipa", afirmou.
À rádio RTL, um representante do sindicato dos professores UNSA, Stephane Crochet, disse considerar a inclusão dos adultos na proposta de lei um insulto e um risco de segurança. Essa adenda à proposta de lei acabou contudo por ser retirada.