Hospital autorizado a tirar bebé de suporte de vida contra vontade dos pais

Pais foram para tribunal e perderam. Bebé de oito meses que sofre de doença rara e sobrevive ligado às máquinas que o alimentam e ajudam a respirar

Um casal perdeu na justiça o direito de manter o filho bebé de oito meses ligado às máquinas de suporte de vida. Os médicos do hospital Great Ormond Street, em Londres, foram autorizados pelo tribunal a tirar Charlie Gard do suporte de vida contra a vontade dos pais.

Chris Gard e Connie Yates recorreram à justiça para impedir que o hospital desligasse a máquina que mantém vivo o filho Charlie. A decisão final foi anunciada esta terça-feira pelo Alto Tribunal de Justiça, uma das mais altas instâncias do Reino Unido, após uma longa batalha judicial.

A criança sofre de Síndrome de Depleção Mitocondrial, uma doença rara que lhe provocou danos cerebrais irreversíveis. Os pais iniciaram uma campanha de angariação de fundos e querem juntar dinheiro suficiente para levar Charlie para os Estados Unidos, onde será submetido a um tratamento experimental.

Uma especialista do hospital afirmou em tribunal, segundo o The Guardian, que o tratamento experimental de que os pais falam "muito infelizmente" não iria ajudar a criança e que ela está "extremamente mal".

Por outro lado, o neurologista que iria acompanhar o menino durante o tratamento nos EUA afirma que o mesmo poderia melhorar as funções cerebrais de Charlie. "Pode ser um tratamento, mas não uma cura. Charlie pode vir a conseguir interagir, sorrir e olhar para objetos", explicou o especialista.

Os médicos do hospital Great Ormond Street disseram em tribunal que Charlie nunca se vai conseguir mover sozinho e que, provavelmente, está a sofrer sem poder avisar a ninguém. O hospital aconselhava os pais a desligarem as máquinas e transferirem o menino para uma unidade de cuidados paliativos.

Esta terça-feira, o juiz decidiu que o hospital pode "legalmente retirar todos os tratamentos, exceto os paliativos para permitir que Charlie morra com dignidade". "É com pesar no coração, mas com total convicção de que estamos a fazer o melhor pelo Charlie", sentenciou o magistrado.

Charlie está, neste momento, ligado a uma máquina que o ajuda a respirar, outra que o ajuda a alimentar-se e não consegue mexer-se. "Os pais de Charlie reconheceram infelizmente e com coragem que não vale a pena manter a qualidade de vida que o Charlie tem neste momento", continuou o juiz.

Os pais lamentam o facto de o magistrado "não ter dado ao Charlie pelo menos a hipótese de fazer um tratamento" e a advogada do casal afirmou que não há provas de que o menino esteja a sofrer.

"Nós só queremos uma oportunidade. Não seria uma cura mas poderia mantê-lo vivo. Se o salvar é fantástico", disse a mãe de Charlie numa entrevista antes de anunciada a decisão do juiz. "Quero salvar outros. Mesmo que Charlie não sobreviva, não quero que nenhuma mãe e filho passem por isto".

O juiz elogiou a "brava e digna campanha" que os pais de Charlie montaram em nome do filho e sua "absoluta dedicação ao menino fantástico desde o dia que nasceu".

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