Franceses não querem reedição do duelo Sarkozy-Hollande
74% dos franceses não quer ver nem o atual presidente nem o seu antecessor na lista de candidatos às eleições de 2017
Nem François Hollande, nem Nicolas Sarkozy. A maioria dos franceses não quer nem um nem outro como candidatos às eleições presidenciais de 2017 em França. De acordo com uma sondagem Odoxa ontem publicada pelo 'Le Parisien-Aujourd"hui', três em cada quatro franceses - 74% - não gostaria de ver nem o atual presidente francês nem o seu antecessor novamente candidatos ao Eliseu. Querem algo novo: 88% considera que o mundo político francês carece de uma renovação.
Mas se os franceses rejeitam Hollande e Sarkozy, também não têm melhor opinião sobre a líder da Frente Nacional Marine Le Pen: 61% é contra a candidatura da dirigente da extrema-direita cujo partido cresceu exponencialmente nas eleições regionais de dezembro - último escrutínio antes das eleições presidenciais do próximo ano.
Na extrema-esquerda o cenário também não é muito melhor: 76% dos inquiridos no inquérito Odoxa é contra uma candidatura presidencial do líder do Partido de Esquerda Jean-Luc Mélenchon, 85% é contra uma candidatura da líder do movimento Europa Ecologia-Os Verdes Cécile Duflot.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Nas presidenciais de 2012, Hollande, Sarkozy, Le Pen e Mélenchon foram candidatos à primeira volta das eleições de maio, tendo apenas os dois últimos passado à segunda volta do escrutínio. O socialista acabou por bater o conservador com 51,6% contra 48,3%. Sarkozy fora presidente de França entre 2007 e 2012.
Apesar de desejarem que haja uma renovação da classe política, a maioria dos franceses que participou neste inquérito - 56% - indicou que o seu candidato favorito ao Eliseu é o antigo primeiro-ministro Alain Juppé. Com 70 anos de idade, Juppé pretende enfrentar Sarkozy em novembro deste ano nas primárias d"Os Republicanos (nova designação do que era antes a UMP). Estas eleições pretendem escolher o candidato que representará o centro-direita nas presidenciais.
Apesar de ter saído reforçado com o resultado das regionais, em que Os Republicanos e os seus aliados ficaram em primeiro lugar, Sarkozy viu de imediato a contestação interna começar. Após ter sido criticado pela número dois do partido, Nathalie Kosciusko-Morizet, o ex-chefe do Estado francês acabou por expulsá-la. "Acreditar que o partido se reforça depurando-o é uma velha ideia estalinista", disse ela sobre a decisão tomada.
Na sondagem Odoxa, que foi realizada entre os dias 23 e 24 de dezembro junto de 1042 pessoas, os franceses opinaram também sobre quem acham que melhor encarna a tal renovação política. Nesse campo 55% aposta no atual ministro da Economia Emmanuel Macron, que integra o governo socialista liderado por Manuel Valls. Este foi agora considerado pelos internautas do site do jornal 'Le Figaro' como a Personalidade do Ano de 2015. 43% gosta mais da hipótese Marion Maréchal-Le Pen, a jovem sobrinha de Marine Le Pen e neta do polémico líder histórico da Frente Nacional Jean-Marie Le Pen. 36% prefere Bruno Le Maire, que é deputado do partido Os Republicanos.
Numa altura em que a França está ainda choque por causa dos atentados terroristas que em 2015 fizeram 152 mortos no país (no dia 7 faz um ano do ataque ao jornal satírico francês Charlie-Hebdo), o debate em torno do estado de emergência em vigor e das medidas de combate ao radicalismo e terrorismo concentram todas as atenções e também as estratégias dos principais partidos políticos.
Os socialistas propõem retirar a nacionalidade francesa aos condenados por terrorismo que tenham dupla nacionalidade, mesmo que nascidos em França. Face a isto, Os Republicanos propõem constitucionalizar o princípio de assimilação para todos os que adquirirem a nacionalidade. O objetivo é blindar juridicamente a obrigação de assumir "os valores republicanos".