Forte dispositivo de segurança no funeral de padre assassinado

Cerca de duas mil pessoas, acompanharam cerimónia, apesar da chuva
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O funeral do padre católico francês que foi assassinado há uma semana por dois extremistas islâmicos numa igreja na Normandia, no norte de França, foi hoje acompanhado por milhares de pessoas e contou com um forte dispositivo policial.

As exéquias, realizadas na catedral gótica de Rouen (noroeste), foram acompanhadas por cerca de 2.000 pessoas, no interior e também no exterior da catedral, apesar da chuva registada na altura da cerimónia.

O padre Jacques Hamel, de 85 anos, foi degolado na passada terça-feira por dois extremistas islâmicos quando celebrava a missa matinal numa igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, nos arredores de Rouen.

Os atacantes foram abatidos pela polícia, quando saíram para o adro da igreja a gritar "Allahu Akbar" (Deus é grande). O ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).

"Um padre foi morto por terroristas, devemos mostrar a nossa presença para dizer não", afirmou Jean-François, um militar aposentado de 72 anos, em declarações à agência noticiosa francesa AFP.

O caixão que transportava o corpo de Jacques Hamel, levado por quatro pessoas, entrou no edifício gótico acompanhado por um cortejo de padres que envergavam vestes brancas e estolas roxas, a cor do luto.

Vários muçulmanos também quiseram marcar presença na cerimónia, que foi marcada por fortes medidas de segurança.

"Vim aqui para mostrar a minha solidariedade para com a comunidade cristã. É um dever", sublinhou Hassan Houays, um professor de matemática muçulmano residente em Saint-Etienne-du-Rouvray.

Também estiveram presentes no funeral o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, e várias figuras da hierarquia da igreja católica francesa.

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Após as cerimónias religiosas fúnebres, o enterro do sacerdote será realizado numa cerimónia privada, num local que não foi divulgado.

O assassínio do padre Jacques Hamel chocou a sociedade francesa, não só entre os católicos, mas também no seio da comunidade muçulmana, que rejeitou este ato bárbaro.

O sacerdote era especialmente conhecido pelo seu envolvimento pessoal no diálogo inter-religioso com os muçulmanos de Saint-Etienne-du-Rouvray.

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Este violento incidente, o último de um conjunto de ataques que têm afetado a França no último ano e meio, foi perpetrado alguns dias depois do ataque em Nice (sudeste), onde um extremista muçulmano conduziu um camião contra a multidão, que festejava o dia de França (14 de julho), matando 84 e ferindo 435 pessoas, incluindo muitos muçulmanos.

Há mais de um ano que a ameaça de um ataque contra um local de culto cristão pairava sobre o país, depois do fracasso de uma tentativa de atentado, em abril de 2015, contra uma igreja católica de Villejuif, nos subúrbios de Paris.

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