Egito acusa jornalista da Al-Jazeera de incitar revolta contra o Estado

Mahmoud Hussein, egípcio de 51 anos que trabalha na sede da estação televisiva, em Doha, foi detido na sexta-feira horas antes de deixar o Egito
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O jornalista da televisão do Qatar Al-Jazeera que foi detido no Cairo no sábado vai enfrentar na justiça a acusação de incitar a sedição contra o Estado e a divulgação de informações falsas, revelou hoje um funcionário judicial.

O canal televisivo qatari é acusado pelas autoridades egípcias de apoiar o movimento Irmandade Muçulmana, considerado uma organização terrorista no Egito.

Mahmoud Hussein, egípcio de 51 anos que trabalha na sede daquela estação televisiva, em Doha, foi detido na sexta-feira, na sua residência, horas antes de deixar o Egito, onde se deslocou.

Mahmoud Hussein tinha já sido interrogado na terça-feira, à sua chegada ao aeroporto do Cairo, tendo sido libertado em seguida, noticiou a AFP.

A agência de notícias francesa adiantou que o responsável judicial lhe indicou que Hussein seria detido durante 15 dias "no âmbito das acusações relativas à incitação à rebelião contra o Estado e da difusão de documentários e informações falsas".

O Ministério do Interior do Egito confirmou estas acusações num comunicado hoje publicado na sua página oficial do Facebook.

No texto, lê-se que o jornalista está envolvido numa "conspiração" da Al-Jazeera para "fomentar a discórdia e incitar a sedição contras as instituições do Estado", bem como "na divulgação de informações falsas e na produção de reportagens e documentários".

Em novembro, a Al-Jazeera transmitiu um documentário onde antigos recrutas confidenciaram rotinas e detalhes sobre o serviço militar obrigatório no Egito, levantando uma onda de críticas no Egito.

A estação televisiva, através do seu presidente, Yasser Abu Hilala, disse que o seu funcionário estava "de visita ao seu país e não a trabalhar para a Al-Jazeera no momento" em que foi detido.

"A Al-Jazeera fez o seu trabalho profissionalmente", disse o responsável, alegando que esta detenção não o vai impedir de continuar a fazer a cobertura noticiosa do Egito, nem a "ceder à pressão" das autoridades.

Em 2013, as autoridades egípcias tinham detido três jornalistas da Al-Jazeera, levantando uma onda de protesto internacional que levou à sua libertação já em 2015.

No início de maio, após a prisão de dois jornalistas na sede do sindicato dos jornalistas egípcios, esta organização sindical denunciou um "declínio" da liberdade de imprensa no país, acusando o governo de estar em "guerra contra o jornalismo".

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