Dover. Camionistas entram em confronto com a polícia

A França reabriu a fronteira com Inglaterra, mas os condutores só podem passar com um teste de despistagem de covid. Falta de condições e de testes levou a discussões e confrontos com a polícia.
Publicado a
Atualizado a

Enquanto o governo britânico anunciava o início dos testes aos condutores de camiões retidos em Dover, alguns camionistas envolveram-se em cenas de violência com a polícia inglesa. Mais de 5 mil camiões estão retidos perto de Dover, o principal porto do Canal da Mancha, em resultado de a França ter proibido, no domingo, todas as viagens a partir do Reino Unido durante 48 horas devido à propagação de uma nova estirpe do coronavírus.

Várias dúzias de manifestantes bloquearam uma rotunda fora do aeródromo de Manston, em Kent, no sudeste de Inglaterra. Os condutores, que se queixam de instalações inadequadas e de falta de testes de vírus, envolveram-se em escaramuças com a polícia.

"Estamos aqui há dois dias e sem chuveiros, sem água para beber", lamentou Patricia Szeweczyk, motorista da Polónia, que discutia com um polícia. Os motoristas não têm nada para comer e as instalações de cozinha são "perigosas" no parque de camiões, queixou-se Szeweczyk.

​​​​​​​Segundo a AFP, A polícia acabou por convencer os manifestantes a regressar aos seus veículos e aguardar os testes que lhes permitem prosseguir as suas viagens.

A polícia de Kent disse que respondeu aos "distúrbios" em Manston e Dover.
"Um homem foi preso por obstruir uma via rápida em Dover e permanece sob custódia", disse a polícia.

O Departamento de Transportes, que gere as instalações, disse que estava a proporcionar "acesso a alimentos e instalações de assistência social".

Milhares de camiões foram desviados para o aeródromo desativado depois de a França ter fechado as suas fronteiras durante 48 horas para conter a propagação de uma nova estirpe, mais contagiosa, do coronavírus.

Na quarta-feira contaram-se 3800 veículos em Manston e 1242 em outras zonas, de acordo com a Driver and Vehicle Standards Agency.

A França concordou, no final da terça-feira, em deixar passar as pessoas que testam negativo para o coronavírus e as autoridades do Reino Unido prometeram recuperar o atraso dos condutores com testes rápidos que dão um resultado dentro de 40 minutos.

​​​​​​​Os primeiros testes chegaram na quarta-feira à tarde ao porto de Dover e com os primeiros camionistas a fazerem testes.

​​​​​​​O ministro britânico dos Transportes Grant Shapps disse que "os testes começaram à medida que procuramos fazer circular novamente o tráfego entre o Reino Unido e a França".

Twittertwitter1341734223246405632

Ao mesmo tempo, advertiu que "continuam a verificar-se atrasos graves. Por favor, evite Kent enquanto o atraso é eliminado".

O Ministério da Defesa enviou 170 militares para ajudar na testagem.

Os motoristas, contudo, mostravam-se sem esperança de passar o Natal com a família.

"Dizem que o teste de Covid está a chegar. Mas não há nada, não vem nada", disse o motorista polaco Ezdrasz Szwaja. "Não temos informações, nada...".

No aeródromo de Manston, o motorista polaco Szwaja mostrou-se emocionada ao falar em estar longe dos seus dois filhos "muito pequenos" para o Natal. "Só quero voltar", disse.

"Já estamos aqui há dois dias, e calculei que serão necessários mais dois dias para resolver tudo isto. Há muitos camiões", disse o motorista espanhol Pablo Mora, à espera na cidade vizinha de Folkestone.

Sentado na cabina do seu camião, o motorista alemão Sergej Merkel disse que esperava ser testado dentro de cerca de um dia, e que depois esperaria por uma vaga para atravessar. "Portanto, a época do Natal será aqui no camião", previa Merkel.

O motorista alemão Merkel disse que era a sua "primeira vez aqui em Inglaterra, e possivelmente é a última vez". Esteve estacionado ao longo de uma fila de camiões em Folkestone, cerca de 11 quilómetros a sudoeste de Dover.

"Temos carga suficiente na Europa, na Alemanha, Holanda, Bélgica", disse. "Com dias tão terríveis como estes, penso que muitos condutores não estarão interessados em regressar a Inglaterra."

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt