Boris Johnson cancela Natal dos britânicos por causa de nova variante do coronavírus
Dias depois de dizer que seria "desumano" cancelar os planos de Natal que estavam previstos, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, fez precisamente isso. A culpa é de uma nova variante do vírus SARS-CoV-2, que causa a covid-19, que está a tornar-se na variante dominante no Reino Unido.
"Não podemos continuar com o Natal como previsto", disse Boris Johnson, numa conferência de imprensa esta tarde. Nessa ocasião anunciou que a região de Londres e do sudeste de Inglaterra irão passar a um nível 4 de restrições (o máximo até agora era o nível 3).
É nestas áreas que esta variante que se propaga mais rapidamente que as anteriores, podendo ser 70% mais contagiosa, está especialmente presente, apesar de já estar espalhada por quase todo o país.
"Não há provas de que causa doença mais grave ou mortalidade mais elevada, mas parece que passa entre as pessoas muito mais rapidamente", disse o primeiro-ministro. "Não há provas que sugerem que é mais letal", refere, ou que a vacina será menos eficaz. "Mas já sabemos o suficiente para saber que temos que agir", afirma, introduzindo novas restrições.
O último balanço das autoridades britânicas aponta para mais 27 052 casos de convid-19 nas últimas 24 horas, ligeiramente menos do que na véspera, mas mais 534 mortes.
Assim, a partir de domingo, Londres e partes do sudeste do país vão entrar no nível 4 de restrições, na prática equivalente ao confinamento que já existiu. As pessoas não devem sair de casa, salvo nas excepções habituais, e devem optar, se possível, pelo teletrabalho. O comércio não essencial será fechado, tal como ginásios.
As pessoas não devem sair da sua área de residência e não serão autorizadas a deixar o país, exceto em casos específicos.
As indicações que existiam até agora para o Natal era de que seria possível formar uma "bolha" com até três agregados familiares, que duraria até cinco dias. Agora, dentro do nível quatro, não será possível o convívio fora do agregado familiar e, fora desse nível, só com um outro e apenas durante um dia.
"Quando o vírus muda a sua forma de ataque, nós, como país, temos que mudar a nossa defesa", disse Boris Johnson, quando confrontado com o facto de há poucos dias ter dito que não queria mudar os planos de Natal dos britânicos, considerando que isso seria "desumano".
"Quando os factos mudam, temos que mudar a nossa abordagem", referiu o primeiro-ministro britânico, lamentando pelas pessoas que têm que mudar os seus planos de Natal. Há uma semana que Boris Johnson estava a ser pressionado a intensificar as medidas, mas tinha recusado.
Segundo os especialistas, a nova variante do vírus é diferente em 23 pontos, incluindo na proteína que o vírus cria e na forma como este se liga às células.
Detetada inicialmente em meados de setembro, representava 28% dos casos contabilizados em meados de novembro em Londres e no Sudeste de Inglaterra. Mas, na semana de 9 de dezembro, já representava mais de 60% dos casos na capital.
"A nova variante está a tornar-se na variante dominante", disse Patrick Vallance, principal conselheiro do governo britânico para a covid-19.
Apesar de tudo, o diretor-geral de Saúde britânico, o professor Chris Whitty, disse não considerar que este é o pior momento da pandemia. "Apesar de termos de fazer tudo para travar a transmissão desta variante, temos uma vacina", afirmou. "No final de março e abril, não só os números subiam rapidamente, a mortalidade era elevada, e não havia vacina no horizonte", lembrou.
Segundo Boris Johnson, 350 mil pessoas já receberam a primeira dose da vacina da Pfizer/BioNTech no Reino Unido.
As medidas agora anunciadas serão revistas dentro de 15 dias, informou o primeiro-ministro britânico, pedindo para as pessoas não violarem as regras.
E disse "lamentar profundamente" que sejam necessárias estas medidas, dizendo esperar que o facto de não ser possível passar este Natal em família, significa que poderão passar os próximos.
O primeiro-ministro lembra que todos os britânicos têm que partir do princípio que estão infetados, já que só um em cada três pessoas infetadas apresenta sintomas.
As autoridades pedem um Natal com menor número de pessoas possível, o mais curto possível e o mais local possível, lembrando que os grupos de risco continuam a ser grupos de risco e devem ser protegidos ainda mais.