Atriz egípcia condenada a dois anos de prisão por denunciar assédio

Amal Fathy foi acusada de espalhar notícias falsas e ter na sua posse "material indecente"
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Uma atriz e ativista egípcia que publicou um vídeo no Facebook a denunciar uma situação de assédio foi condenada a dois anos de prisão por "espalhar falsas notícias".

A história é contada pelo jornal britânico The Guardian. Em maio, Amal Fathy usou as redes sociais para denunciar uma situação de assédio sexual que sofreu quando foi ao banco, acusando o governo egípcio de falhar na proteção das mulheres. Dois dias depois, foi presa, tal como o marido e o filho de três anos, que foram libertados horas depois. Amal Fathy ficou detida.

Esta não é uma resposta incomum, no Egito, às denúncias de assédio sexual feitas por mulheres. Mona el-Mazbouh, uma turista libanesa que também publicou um vídeo no Facebook com denúncias, durante a sua estadia no Cairo, acabou detida no aeroporto e condenada, em julho, a oito anos de prisão, por "espalhar falsos rumores que prejudicam a sociedade e atacam a religião" e por "indecência pública". A sentença acabou reduzida para um ano e foi depois suspensa. Mona el-Mazbouh foi deportada para o Líbano já em setembro.

De acordo com um inquérito das Nações Unidas divulgado em 2013, 99% das mulheres egípcias dizem já ter sofrido alguma forma de assédio sexual. Em 2017, o Cairo foi considerado "a mais perigosa grande cidade do mundo para as mulheres".

A Amnistia Internacional (AI) já veio condenar a sentença, classificando a condenação de Amal Fathy como um "ultrajante caso de injustiça", em que o agredido é condenado enquanto o agressor não chega a ser incomodado.

Mohamed Lofty, marido de Fathy e dirigente da Comissão Egípcia de Direitos e Liberdades - que foi impedido de ouvir a leitura da sentença - veio classificar o veredito como "chocante", uma "mensagem para os agressores de que podem assediar sem temer qualquer punição, enquanto a vítima do assédio, se falar, vai presa".

Amal Fathy ​​​​​enfrenta um segundo julgamento sob a acusação de pertencer a uma organização terrorista, devido à sua atividade como ativista.

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