A moção de censura ao Governo Regional da Madeira que foi apresentada nesta quarta-feira pelo Chega só terá sucesso na Assembleia Legislativa Regional se for aprovada pelo PS e pelo Juntos pelo Povo (JPP), o que se torna difícil quando o texto afirma que a “contínua predominância” do PSD na região autónoma não abona a favor dos partidos “que há mais tempo formam a Oposição parlamentar”. Sobretudo do PS, “cuja incapacidade evidente e crónica em apresentar uma alternativa credível ao partido do poder quase o eleva ao estatuto de cúmplice ético e moral das evidentes más práticas instaladas na governação madeirense”..A iniciativa foi justificada pela alegação de que o Governo Regional da Madeira, liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque, “perdeu todas as condições para continuar a governar”. Algo que o Chega entende decorrer das investigações judiciais em que são arguidos o próprio presidente e os secretários regionais Rogério Gouveia (Finanças), Pedro Ramos (Saúde e Proteção Civil), Pedro Fino (Equipamento e Infraestruturas) e Eduardo Jesus (Economia, Turismo e Cultura), no âmbito das operações Zarco e Ab Initio..Também envolvidos estão o ex-presidente da Câmara do Funchal (antigo vice-presidente do Governo Regional), Pedro Calado, e José Prada, secretário-geral do PSD-Madeira..Reunido na noite desta quarta-feira, o secretariado regional do PS, convocado após o líder do Chega-Madeira, Miguel Castro, anunciar a moção de censura, questionou “a incoerência e os ziguezagues do Chega em relação à atuação do Governo Regional que o próprio viabilizou”. Mas remeteu a decisão final para sábado, na reunião da Comissão Política..Por seu lado, o JPP irá ouvir os órgãos partidários e militantes na próxima semana, e só depois tornará pública a sua decisão. Mas acrescenta que estranha o facto de o Chega apresentar a moção de censura depois de ter viabilizado o Programa do Governo e o Orçamento Regional há apenas cinco meses.