Madeira: Manuel António Correia vai ser candidato a líder do PSD
O antigo secretário regional Manuel António Correia vai voltar a candidatar-se à liderança do PSD-Madeira, apelando à "demissão imediata" do atual presidente, Miguel Albuquerque, que afastou a convocação de novas eleições diretas.
Manuel António Correia reservou a divulgação da sua posição oficial para depois da votação da moção de censura do Chega, que foi aprovada pela maioria dos deputados regionais nesta terça-feira, derrubando o Governo Regional da Madeira, que era presidido por Albuquerque.
"Serei candidato até ao fim e seja contra quem for. Sou eu que estou em melhor posição para o desejado fim de ciclo, pois estive dez anos fora de tudo e nada tive a ver com estar governação", garante Manuel António Correia, que estabelece como objetivo, depois de tomar a liderança dos sociais-democratas madeirenses, "unir o partido, coisa que a atual direção recusou fazer".
Numa declaração sobre a situação política na Região Autónoma da Madeira, divulgada na tarde desta terça-feira, o antigo secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais defende a realização de eleições antecipadas na Madeira, pedindo ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que tome em conta a necessidade de haver eleições diretas no PSD, "considerando a importância das definições internas nos partidos para o alcançar de soluções duradouras e estáveis".
Antecipando a reticência de Miguel Albuquerque em submeter a sua liderança à votação dos militantes sociais-democratas, adverte que, caso não se realizem eleições diretas, "daqui a poucos meses a Madeira estará com o mesmo problema de instabilidade e de ingovernabilidade, acentuando os já graves prejuízos para os seus cidadãos, empresas e instituições".
Se Albuquerque mantiver a intenção de não submeter a sua liderança aos votos dos militantes, o antigo secretário regional garante que irá apresentar as assinaturas necessárias para que o Conselho Regional do PSD possa convocar um Congresso Regional extraordinário eletivo, possibilitando que possa ser escolhido um novo presidente do PSD-Madeira, a tempo de ser candidato à presidência do Governo Regional da Madeira.
Numa lógica de dramatização, Manuel António Correia defende que o PSD-Madeira se encontra numa "situação grave e existencial". Isto porque, nas suas palavras, caso o partido se apresente às próximas eleições regionais conduzido por Miguel Albuquerque, "daqui a poucos meses estaremos na oposição ou continuaremos com o mesmo problema de instabilidade governativa".
Será a terceira vez que o antigo secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais procura conquistar a liderança do PSD-Madeira. A primeira foi logo em 2015, aquando da sucessão do líder histórico Alberto João Jardim, sendo derrotado na segunda volta por Miguel Albuquerque, que era presidente da Câmara do Funchal.
Já neste ano, antes das eleições regionais que voltaram a dar vitória ao PSD, mas ainda mais distante da maioria absoluta (apenas 19 dos 47 deputados da Assembleia Legislativa Regional), Manuel António Correia disputou a liderança do partido com Miguel Albuquerque. Mas voltou a perder nas diretas, convencendo apenas 45,7% dos militantes.
Depois da aprovação da moção de censura apresentada pelo Chega, que só teve voto contrário dos 19 deputados do PSD e dos dois do CDS-PP, o representante da República na Madeira irá ouvir os partidos com representação parlamentar, num processo que deverá ficar encerrado na sexta-feira. Mas o cenário mais provável, tendo em conta que uma maioria nascida na atual oposição implicaria juntar PS, Juntos pelo Povo e Chega, será a dissolução da Assembleia Legislativa Regional pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocando novas eleições regionais no prazo máximo de 60 dias.
Nesse cenário, poderá manter-se a instabilidade na Região Autónoma da Madeira, que teve eleições regionais em 2023 e em 2024.