O chanceler interino da Áustria, Alexander Schallenberg, esteve esta segunda-feira em Bruxelas para garantir aos líderes da União Europeia que Viena vai continuar a ser um parceiro com o qual podem contar, numa altura em que o seu partido, OVP (de centro-direita), está a negociar a formação de uma coligação governamental com o partido de extrema-direita FPO, que venceu as legislativas de 29 de setembro. “A Áustria é e continuará a ser um parceiro confiável, construtivo e forte na União Europeia e em todo o mundo”, garantiu Schallenberg ao Politico, sublinhando que “isso foi verdade para os governos anteriores, é verdade para este governo e deve continuar assim no próximo governo”. Schallenberg encontrou-se em Bruxelas com a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa. O líder austríaco, que também tem a pasta dos Negócios Estrangeiros, reuniu-se ainda com a líder da diplomacia da UE, a estónia Kaja Kallas. Esta segunda-feira também, mas em Viena, o FPO e o OVP anunciaram terem chegado a um acordo sobre o orçamento, eliminando um obstáculo importante à formação de um governo. “Tomámos uma decisão crucial e elaborámos um roteiro comum para evitar um processo de défice excessivo da UE contra a Áustria”, declarou o líder do FPO, Herbert Kickl, na primeira conferência de imprensa conjunta das duas formações políticas.Foi precisamente neste ponto que fracassaram as anteriores discussões destinadas a bloquear a entrada da extrema-direita no governo, com os meios económicos e empresariais a recusarem qualquer aumento de impostos.Num balanço das conversações, iniciadas na semana passada, Kickl anunciou um programa de austeridade de 6,3 mil milhões de euros “sem recorrer a novos impostos, quer sobre as heranças, doações ou património”.O acordo visa agora aprovar medidas contra as lacunas fiscais, os “privilégios”, nomeadamente para os “milionários”, com poupanças no “aparelho ministerial” e o fim dos “subsídios excessivos”. “Esta é a única forma de a Áustria moldar o seu próprio futuro, com as suas próprias mãos, e não ser controlada por Bruxelas”, insistiu Kickl, um crítico da UE.Ao seu lado, o líder interino do OVP, Christian Stocker, congratulou-se com a medida, que “deverá permitir reduzir o défice para menos de 3% até 2025”, em conformidade com os critérios europeus.Os dois partidos estão bastante próximos nas questões económicas, mas será agora iniciada uma segunda fase de negociações, que deverá ser mais complicada devido às divergências em matéria de política externa e de Estado de Direito. No entanto, Kickl disse estar “confiante”.