Depois de ter saído da Casa Branca na sexta-feira com Donald Trump a afirmar que “é tempo” de um acordo de paz e sem anúncio sobre o fornecimento de mísseis de longo alcance Tomahawk pretendidos por Kiev, Volodymyr Zelensky decidiu apelar este domingo, 19 de outubro, a um cerrar de fileiras entre os aliados europeus, afirmando que “precisamos de cooperação a longo prazo e de resultados tangíveis - tanto a curto prazo como com uma perspetiva de futuro - para que as pessoas possam viver”, sublinhando que “esta Rússia é uma ameaça a longo prazo”.E deu já indicações que está a trabalhar com os aliados em várias matérias, como a aquisição de armas norte-americanas através da Lista de Necessidades Prioritárias da Ucrânia (PURL) - um mecanismo da NATO que permite depois a transferência deste armamento para Kiev e ao qual aderiram esta semana mais dez países europeus - “particularmente os sistemas de defesa aérea e certas capacidades de ataque de longo alcance nossas”.“Na próxima semana, conversaremos com parceiros na Europa sobre novas contribuições para a iniciativa PURL. Estamos também a preparar acordos muito importantes com diversos países sobre armas e tecnologias de defesa. As nossas capacidades serão ampliadas”, referiu este domingo Zelensky numa mensagem dirigida aos ucranianos, adiantando ainda que a sua equipa “está a finalizar um acordo no qual temos vindo a trabalhar há vários meses”.O presidente ucraniano referiu ainda que “partilhamos uma visão comum sobre a energia com os nossos outros parceiros”. “Não deverá haver energia russa na Europa, e os sinais dos Estados Unidos são claros agora - estão prontos para fornecer à Europa a quantidade de gás e petróleo necessária para substituir o fornecimento russo. A nossa região possui as infraestruturas e o potencial necessários para contribuir muito mais para a independência energética da Europa”, acrescentou, notando que Kiev fez propostas aos EUA sobre infraestruturas de gás, geração de energia nuclear e vários outros projetos, estando atualmente a trabalhar nos detalhes.“E agora, quase todos os dias, estamos a comunicar com os líderes para garantir que temos uma posição comum, todos nós na Europa, sobre a pressão sobre a Rússia - o tipo certo de pressão. Não daremos presentes ao agressor e não nos esqueceremos de nada”, concluiu Zelensky. Logo depois da reunião com Donald Trump na Casa Branca, na sexta-feira, o presidente ucraniano já havia falado com vários líderes europeus, muitos deles que o tinham acompanhado na sua anterior visita a Washington, em agosto, como o britânico Keir Starmer, a italiana Giorgia Meloni, o alemão Friedrich Merz, o finlandês Alexander Stubb, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte. “A principal prioridade agora é proteger o maior número de vidas possível, garantir a segurança da Ucrânia e fortalecer-nos a todos na Europa. É exatamente para isso que estamos a trabalhar”, afirmou então Zelensky no X.Uma mensagem que teve eco noutros líderes europeus, como Merz. “Após o encontro com o presidente Trump, coordenamo-nos e vamos acompanhar os próximos passos. O que a Ucrânia precisa agora é de um plano de paz”, escreveu o chanceler alemão no X. Merz terá ainda dito que a reunião na Casa Branca não decorreu como o presidente ucraniano esperava, de acordo com o canal alemão n-tv.Já o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, sublinhou que “os líderes reiteraram o seu compromisso inabalável com a Ucrânia face à contínua agressão russa”, adiantando que “concordaram que novas discussões sobre como poderiam apoiar a Ucrânia antes e depois de um cessar-fogo continuariam esta semana, incluindo numa chamada da Coligação dos Dispostos na sexta-feira”..O roteiro de Trump para a paz na Ucrânia: primeiro Zelensky na Casa Branca, depois Putin em Budapeste.Zelensky recusa falar de Tomahawks após a reunião com Trump. "Os EUA não querem uma escalada da guerra"