Voto preliminar em Israel aprova anexação da Cisjordânia ocupada
FOTO: EPA/ABIR SULTAN

Voto preliminar em Israel aprova anexação da Cisjordânia ocupada

O parlamento israelita aprovou por maioria - 25 votos a favor e 24 contra - aplicar a soberania aos territórios da Judeia e Samaria, conforme passam a ser designados administrativamente.
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O parlamento israelita (Knesset) aprovou esta quarta-feira, 22 de outubro, numa leitura preliminar, uma proposta para anexar o território palestiniano ocupado da Cisjordânia pela diferença de um voto.

“O projeto de lei para aplicar a soberania aos territórios da Judeia e Samaria foi aprovado em leitura preliminar por uma maioria de 25 a favor e 24 contra”, anunciou a Knesset, de 120 membros, segundo a agência de notícias espanhola EFE.

Judeia e Samaria é a designação administrativa israelita para grande parte da Cisjordânia, em vez do nome atribuído pela Jordânia à margem ocidental do rio Jordão, quando anexou o território palestiniano entre 1950 e a ocupação israelita, em 1967.

A votação de esta quarta-feira é o primeiro passo que precede outras três votações necessárias para o parlamento israelita converter o projeto em lei.

“O Estado de Israel aplicará as suas leis e soberania às áreas de colonatos na Judeia e Samaria, para estabelecer o estatuto destas áreas como parte inseparável do Estado soberano de Israel”, lê-se no projeto de lei.

O projeto legislativo foi proposto pelo líder e único deputado do partido Noam, Avigdor Maoz, que aludiu à ideia do “Grande Israel”, que apaga os territórios palestinianos do mapa, durante o debate parlamentar.

“O Senhor, bendito seja, deu ao povo de Israel a Terra de Israel”, justificou.

A votação preliminar coincidiu com a visita a Israel do vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, que analisou o plano de cessar-fogo em Gaza com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e altos responsáveis militares.

“Chegou o momento de aplicar a soberania plena sobre todos os territórios da Judeia e Samaria, a herança dos nossos antepassados”, aplaudiu o ministro das Finanças, o ultradireitista e colono, Bezalel Smotrich, nas redes sociais.

Smotrich acrescentou que é o momento de “promover acordos de paz em troca de paz” com os vizinhos de Israel “a partir de uma posição de força”.

O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, também de extrema-direita e colono, regozijou-se igualmente com o projeto de lei.

“Chegou o momento da soberania agora”, escreveu nas redes sociais.

Os dois ministros já tinham exigido em setembro a Netanyahu a anexação da Cisjordânia em resposta ao reconhecimento do Estado palestiniano por mais de uma dezena de países, incluindo Portugal, França, Reino Unido, Canadá e Austrália.

Smotrich (Partido Sionista Religioso, também conhecido por Tkuma) e Ben Gvir (Otzma Yehudit, Poder Judaico) são parceiros do Likud, de Netanyahu, na coligação governamental de direita e extrema-direita no poder desde as eleições de 2022.

A Palestina não possui continuidade territorial e, enquanto na Faixa de Gaza governava o braço político do Hamas, na Cisjordânia permanece a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), liderada por Mahmoud Abbas.

Com sede em Ramallah, a ANP é reconhecida pela generalidade da comunidade internacional como representante dos palestinianos.

Desde o segundo Acordo de Oslo, de 1995, Israel possui o controlo militar e civil da denominada Área C da Cisjordânia, que equivale a 60% do território.

A ANP tem o controlo total da Área A e o controlo civil da Área B, onde reparte com Israel o controlo de segurança.

Além disso, existem centenas de postos de controlo militares israelitas em toda a Cisjordânia.

Também vigora um sistema de licenças que não permite a livre circulação dos palestinianos entre cidades e proíbe a muitos a entrada em Jerusalém, entre outras cidades.

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